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Com freio na economia, BC reduz ritmo de alta do juro
Copom cita queda de risco inflacionário e eleva Selic em 0,5 ponto, para 10,75%
Nas duas reuniões anteriores, alta havia sido de 0,75 ponto; indicadores mudaram expectativa do mercado
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
Pressionado pela divulgação de indicadores que apontam a desaceleração da economia, o Banco Central decidiu ontem reduzir o ritmo de
aumento dos juros.
O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) elevou a
Selic de 10,25% para 10,75%
ao ano, por unanimidade.
A intensidade do aumento
foi menor que nas reuniões
anteriores do Copom, quando a taxa subiu 0,75 ponto
percentual por duas vezes.
No comunicado divulgado
após a decisão, o BC diz que
houve redução de riscos inflacionários desde a reunião
de junho e que isso se deve a
fatores externos e internos.
A Selic é a taxa básica de
juros da economia. Calculada a partir do juro pago pelos
títulos da dívida do governo,
serve de referência para a taxa cobrada do consumidor
-por exemplo, no financiamento de uma geladeira.
O aumento da Selic torna o
crédito mais caro, o que tende a reduzir a atividade econômica.
A taxa básica começou a
subir em abril. Na época, estava em 8,75% ao ano, menor
patamar da história recente.
Os juros ainda estão abaixo do nível verificado no início de 2009, quando o BC reduziu a taxa diante da queda
na atividade provocada pela
crise iniciada em 2008.
MUDANÇA
Até a semana passada, o
mercado mantinha a expectativa de novo aumento de
0,75 ponto na Selic. As apostas começaram a mudar na
quinta passada, quando o
presidente do BC, Henrique
Meirelles, disse em entrevista não programada que a decisão não estava fechada.
Além disso, na véspera da
reunião, a prévia do índice
oficial de inflação, que serve
como meta para o BC, mostrou queda de preços.
Uma semana antes, indicador do próprio BC mostrou
que a economia parou de
crescer em maio, após 16 meses seguidos de expansão.
Quando o BC iniciou o novo ciclo de aperto, a economia crescia a taxa próxima
de 10% ao ano, e a inflação
projetada beirava os 6%, taxas consideradas insustentáveis por economistas.
Desde maio, no entanto,
novos indicadores mostraram freio na atividade econômica e nos índices de preços.
Com isso, cresceu a pressão
dentro do governo para que o
BC abandonasse a política de
aumento dos juros ou ao menos reduzisse o ritmo de alta.
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