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Crédito de longo prazo terá estímulo
Mantega prepara pacote de medidas para elevar recursos para grandes obras; aportes a BNDES serão reduzidos
Incentivos tributários e lançamento de títulos especiais são previstos; IR para aplicação de longo prazo pode cair
GUSTAVO PATU
LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA
O governo prepara um pacote de medidas para elevar o
volume de dinheiro disponível para financiar grandes
obras de infraestrutura e outros investimentos necessários nos próximos anos, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda).
Trata-se, basicamente, de
incentivos tributários e novas regras que, ao mesmo
tempo, estimulem a poupança de longo prazo e favoreçam a aplicação desses recursos em projetos que vão
da construção de casas à exploração do petróleo da camada do pré-sal.
À Folha Mantega citou a
criação de debêntures (títulos privados) especiais para
investimentos em infraestrutura, que seriam diretamente
emitidas por um projeto de
investimento.
Essa emissão será desonerada pelo governo.
"Por exemplo, o rio Madeira [composto por duas hidrelétricas em Rondônia] emite
seus papéis, que serão desonerados e sua captação fica
mais barata."
Para incentivar que bancos privados entrem no financiamento de longo prazo,
o ministro disse está disposto
a reduzir o Imposto de Renda
para aplicações financeiras
também de longo prazo. "Hoje o banco privado não quer
esse tipo de operação porque
ele capta no curto ou médio."
O pacote está sendo discutido pelo governo com o Banco Central, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e
a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros).
BNDES
As medidas pretendem
responder à escassez de recursos para a ampliação dos
investimentos no país, em
parte suprida por injeções de
recursos do Tesouro Nacional no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), maior responsável pelo financiamento
aos projetos de ampliação da
capacidade produtiva do
país.
A operação consiste na
emissão de títulos da dívida
pública que são entregues ao
BNDES. Para obter dinheiro e
ampliar suas operações, o
banco vende os papéis e financia projetos de empresas
estatais e privadas.
Desde o final de 2008,
quando a crise econômica
global fez secar o crédito privado, o Tesouro repassou
R$ 200 bilhões à instituição.
Segundo Mantega, não haverá novos aportes ao BNDES
neste ano, e o uso desse expediente deve ser "bastante"
reduzido a partir de 2011, a
depender do ponto de vista
da atual equipe econômica.
Segundo sua estimativa, a
operação trará um custo de
R$ 5 bilhões para o Tesouro
neste ano, decorrente, em especial, da diferença entre a
taxa de mercado paga pelos
títulos emitidos e os juros
mais baixos a serem recebidos do BNDES.
O ministro defende a medida e ataca seus críticos, para os quais
o governo criou um mecanismo para expandir gastos sem
transparência orçamentária.
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