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VINICIUS TORRES FREIRE
Oito anos em oito dias
Em oito dias, diferença entre Dilma e Serra dobra; em oito anos, PSDB viveu desmonte e não fez oposição
É DIFÍCIL dizer se foram os programas eleitorais de TV e rádio que motivaram diretamente a nova arrancada de Dilma Rousseff (PT) no Datafolha. Apenas um terço dos eleitores declara ter visto as campanhas
do horário eleitoral gratuito.
Não se sabe para quantos desses
eleitores a propaganda na TV foi influência decisiva na escolha do candidato a presidente. As conversas
políticas suscitadas pelo alvoroço
da primeira semana mais popular
da campanha também podem ter levado os eleitores a pensar melhor
nos seus votos -e alterá-los.
Ainda assim, a distância entre a
petista Dilma e José Serra (PSDB) é
maior entre os eleitores que declaram ter visto a campanha na TV
(53% a 29%) do que entre os demais
(44% a 31%). Além disso, na opinião dos eleitores, a petista está melhor no horário eleitoral da TV do
que o tucano (49% a 27%).
No total do eleitorado, a parcela
de indecisos e sem candidatos variou muito pouco, se tanto. Eram, somados, 14% na pesquisa encerrada
no dia 12, ante 12% do levantamento
concluído na sexta-feira, dia 20.
A indecisão diminuiu de modo
mais significativo apenas entre os
eleitores do Nordeste. Dilma aparentemente cresceu mais tirando votos de Serra. Mas Marina Silva (PV)
também perdeu eleitores.
A distância entre Dilma e Serra
cresceu 17 pontos percentuais entre
os eleitores entre 16 e 24 anos. A diferença aumentou 14 pontos entre
os que não passaram do ensino fundamental, também 14 pontos entre
os que vivem no Nordeste e 12 pontos entre as mulheres. Foram as
maiores disparadas da petista entre
as categorias do eleitorado pesquisadas pelo Datafolha.
Na média do eleitorado, a distância entre os dois candidatos aumentou nove pontos. Dilma tem 47% das
intenções de voto no primeiro turno,
ante 30% de José Serra.
O tucano ganhou votos apenas
entre os eleitores maiores de 45
anos. Não evoluiu em nenhuma região do país, em nenhuma categoria de renda ou instrução. Ficou
praticamente estagnado entre os
eleitores com ensino superior.
Em termos absolutos, levando
em conta as categorias de maior peso na eleição, a petista parece ter
sugado mais votos do tucano entre
as mulheres e entre os eleitores de
menor instrução.
SEM IMUNIDADE
A opinião do eleitorado que viu a
campanha na TV não é nada auspiciosa para os tucanos. O recuo da
votação de Serra em quase todas as
frentes do eleitorado menos ainda.
O fato de Dilma bater Serra no primeiro turno com folga deve fazer
minguar a fonte de dinheiro para o
PSDB. A debandada de aliados e
partidários, já notória na semana
passada, no mínimo não deve diminuir. Obviedades. Mas como o sistema de defesa imunopolítico da candidatura Serra veio a ficar tão frágil?
Há os conflitos de Serra com os tucanos de Ceará, Amazonas, Minas.
Há o deserto tucano no Rio, em Pernambuco, na Bahia. A ruína no Rio
Grande do Sul e em Alagoas. Etc.
Mas se trata de um "problema Serra" ou do desmonte do PSDB?
O PSDB perdeu em 2002 e não
reorganizou o partido, esvaziado de
quadros e até de caciques, para nem
falar de bases sociais. Perdeu em
2006, ficou inerte, não fez oposição,
não inventou um programa. Ficou
sem nada a declarar.
vinit@uol.com.br
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