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Salton completa cem anos com foco nos vinhos finos
Empresa gaúcha eleva produção, investe na qualidade das uvas e busca mercados em que ainda está ausente
Vinícola recusa capital estrangeiro e investe R$ 21 milhões neste ano para elevar produção de vinhos e espumantes
MAURO ZAFALON
DE SÃO PAULO
A Salton chega aos cem
anos e busca novo foco. Fundada em 1910, a empresa,
que no passado já foi classificada como "guerrilheira" pelos seus concorrentes, devido a sua atuação no mercado, investe para crescer.
Crescendo, promete ser
ainda mais agressiva daqui
para a frente, chegando a regiões em que hoje não atua.
Tendo como carro-chefe a
produção de vinhos, sucos,
espumantes e conhaque, a
Salton faturou R$ 207 milhões em 2009, o que a colocou na mira de estrangeiros.
O assédio do capital estrangeiro não vingou. A empresa recusou ofertas de
compra ou de parceria de
grupos norte-americano,
sul-africano e britânico.
Foi objeto de desejo, ainda, de investidores brasileiros que queriam injetar capital na empresa em troca de
participação nos negócios.
Voltada para produtos de
baixo valor até a virada do século, a Salton passou a apostar na produção de vinhos e
de espumantes de qualidade.
"Esse será o foco a ser seguido daqui em diante", diz
Daniel Salton, presidente da
empresa e representante da
terceira geração da família.
"Tínhamos uma visão de
mercado de muita produção
e preços baixos. De dez anos
para cá, mudamos o conceito
e começamos a lançar produtos diferenciados com a marca Salton. O foco passa a ser
as classes média e A", diz ele.
LANÇAMENTOS
A empresa não deixou de
lado a produção de vinhos de
mesa, e de baixo valor, mas
não é mais agressiva como
antes no segmento. "Se perdermos fatia desse mercado,
não vamos ficar tristes."
Salton diz que a empresa
está ciente das novas exigências do mercado. O consumidor quer vinho "mais jovem", menos alcoólico e com
qualidade. "É um conceito
que temos de seguir."
Com essa visão, a empresa
já prepara novos lançamentos, que deverão chegar ao
mercado no final de 2011.
A aposta no aumento da
produção de vinhos e de espumantes de qualidade levou a Salton a programar investimentos de R$ 21 milhões
para este ano.
A empresa passará a operar uma segunda linha de
produção na sede, em
Tuiuty, distrito de Bento
Gonçalves (RS), e inicia o
plantio de uvas viníferas em
Santana do Livramento (RS).
Em cinco anos, a Salton terá uma área de 500 hectares
com uvas chardonnay, pinot
noir, cabernet sauvignon,
tannat e outras variedades.
Entre os planos, está a operação de uma nova vinícola na
região já em 2012.
SEM ERROS
Um bom vinho tem origem
em uma boa uva, e a empresa
não quer repetir erros do passado, quando o setor aceitava frutas com qualidade inferior. "O vinho era ácido, arranhava a garganta e machucava o estômago. Nós mesmos nos prejudicamos."
Salton diz que a empresa
quer melhorar a imagem,
mas o objetivo é que o reconhecimento venha do próprio consumidor, de que ela
faz um bom produto.
Para isso, vai elevar a produção própria de uva para
obter um padrão melhor dos
vinhos e dos espumantes.
A matéria-prima vinda de
terceiros também deverá seguir novas recomendações,
que vão da produção menor
por hectare à importação de
clones com acidez menor.
A Salton produz 15 milhões de litros de vinho e de
espumantes por ano. Só os
espumantes chegam a 4,3
milhões de litros.
Vinhos e sucos representam 30% do faturamento da
empresa -outros 35% vêm
de espumantes e frisantes. A
divisão de conhaques também representa 35%.
A empresa é líder em espumantes, com 40% da vendas,
e é a terceira em vinhos finos
(de melhor qualidade). A linha de produtos vai de
R$ 4,50 a R$ 5,50 (vinhos de
mesa, de qualidade inferior)
a R$ 70 a R$ 90 (finos).
Na próxima safra, a Salton
deverá receber de 22 mil a 24
mil toneladas de uva.
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