São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2010

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Cresce demanda por imóvel de alto luxo

Casas de até R$ 45 milhões viram opção de investimento e criam mercado exclusivo de "butiques imobiliárias"

Setor é beneficiado pelo aumento do crédito e deve crescer 30% no ano; assinatura de arquiteto é chamariz

CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO

Pé-direito de mais de três metros, área útil de algumas centenas de metros quadrados, projeto assinado por um arquiteto de renome.
Essas são características valorizadas por quem busca uma casa de luxo para morar em São Paulo.
Além disso, são indispensáveis acabamento de primeira linha, isolamento térmico e acústico e sistema de automação -dos portões ao controle da iluminação.
E é desejável mais de meia dúzia de vagas na garagem.
Os pré-requisitos básicos de uma residência de alto padrão na capital paulista jogam o preço do metro quadrado para entre R$ 9.000 e R$ 12 mil, segundo imobiliárias especializadas.
Assim, um imóvel desse tipo não sai por menos de R$ 2,5 milhões. "E o valor pode superar R$ 45 milhões", diz Alexandre Villas, sócio-diretor da Imóvel A.
A casa mais cara disponível hoje para venda na imobiliária de Villas, avaliada em R$ 35 milhões, tem mais de 20 vagas na garagem.
O terreno de 5.000 metros quadrados ocupa uma quadra inteira em um dos endereços mais valorizados de São Paulo: o Jardim Guedala.
O bairro fica perto de outros também cobiçados pelo público do segmento de luxo: Jardim Europa, Jardim América e Cidade Jardim.
Villas diz que esse mercado tem crescido no país, acompanhando o boom que atingiu os demais segmentos imobiliários. E deve ter expansão de 30% durante este ano.
"No primeiro semestre deste ano, comercializamos 154% mais do que no mesmo período de 2009", diz.
E a projeção da empresa é manter o ritmo de crescimento no fechamento do ano, chegando a R$ 225 milhões em vendas.

CRÉDITO PARA O LUXO
André Souyoltigis, diretor da sede Jardins da imobiliária da Coelho da Fonseca, diz que o aumento do crédito tem sido responsável também pelo impulso nas vendas de alto padrão.
Segundo ele, de 60% a 70% dos imóveis negociados pela imobiliária têm alguma parcela de financiamento. "Há três anos, não eram mais de 20%", diz. E destaca que há casos curiosos.
"Já fechei negócio, entre dois banqueiros, de um imóvel no valor de R$ 5 milhões, cuja compra foi 100% financiada", conta Souyoltigis.
"Prova de que, com taxas atrativas, compensa, mesmo para quem pode pagar à vista, aplicar o dinheiro e manter o financiamento", completa.

VALOR ARTÍSTICO
A Axpe, que se define como "butique imobiliária", possui na carteira imóveis de até R$ 14 milhões.
O dono da empresa, José Eduardo Cazzarin Silva, diz que o público atendido sabe dar "o devido valor artístico" aos projetos arquitetônicos.
O publicitário decidiu investir no negócio de olho em uma demanda por "atendimentos mais personalizados".
No portfólio da imobiliária de Cazzarin está uma casa de 750 metros quadrados e R$ 7 milhões no bairro City Butantã, localizado na zona oeste de São Paulo.
Com projeto dos arquitetos Alice Martins e Flávio Butti, o imóvel possui três suítes com varanda e um terraço do tamanho de muitos apartamentos de dois dormitórios: 50 metros quadrados.
"Selecionamos os estilos que agradam aos nossos compradores, que são principalmente o moderno e o contemporâneo", diz Cazzarin.


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