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Faltam 900 controladores nos aeroportos
Há 3.114 em atividade no Brasil, mas promessa era chegar a 4.000 neste ano; 560 militares deixaram função em 2 anos
Por segurança, tráfego precisa ser limitado; sindicato culpa baixos salários e condições de trabalho por evasão
MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO
O Brasil tem 3.114 controladores de tráfego aéreo em
atividade, quase 900 a menos do que a meta estabelecida pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) há mais de dois anos.
Em 30 de abril de 2008,
exatamente um ano após a
greve que paralisou os aeroportos, o Comando da Aeronáutica declarou que planejava chegar em 2010 com
4.000 controladores. Para isso, seria preciso formar mil
novos profissionais.
O Ministério da Defesa demorou 20 dias para responder às perguntas da Folha.
Ontem, enviou uma resposta
por escrito dizendo que o Decea desconhece a "suposta
meta de 4 mil controladores
para 2010".
Diz a Defesa: "E, mesmo
que não houvesse o número
ideal de controladores para a
demanda existente, não haveria risco à segurança. Hipoteticamente, a consequência seria um número de voos
menor que o demandado pelo mercado".
A "suposta meta" consta
de um documento que está
no site da FAB. Depois que a
Folha enviou o link do documento, o chefe de imprensa
do centro de comunicação
da Aeronáutica, coronel
Henry, ligou: confirmou a
meta e admitiu que ela não
foi alcançada.
"O Decea contava com a
saída de 60 a 70 controladores por aposentadoria desde
2008, mas perdemos 560",
disse. "Alguns foram prestar
concurso. Já 160 eram os da
reserva que foram contratados no auge da crise e não
quiseram ficar."
Segundo o coronel, o descumprimento da meta não
compromete a segurança,
mas limita a capacidade do
setor. "Como não houve aumento de capacidade em terra [nos aeroportos], a pressão [no ar] é menor".
Para a ABCTA (Associação
Brasileira de Controladores
de Tráfego Aéreo), a evasão
está ligada à insatisfação
profissional. "Há muita gente prestando concurso público e mudando de carreira",
diz o advogado da associação Roberto Sobral.
O problema, diz ele, não é
só salarial, mas de condição
de trabalho. Entre outras coisas, os controladores se queixam de mudanças na rotina
de trabalho.
Por conta da carga horária, de 168 horas mensais, os
controladores eram dispensados de atividades militares, como marchar, praticar
tiro, comparecer a formaturas. Porém, a partir de 1º de
dezembro de 2008, com a entrada em vigor da Instrução
ICA 100-25, essas atividades
viraram obrigatórias.
NA GELADEIRA
Sobral diz que os controladores ligados à entidade foram afastados da função e
colocados "na geladeira".
Ele estima que existam quase
200 nessa situação.
O advogado está preparando cerca de 50 ações individuais de controladores
contra a FAB por assédio moral. "Eles estão sendo punidos por reportarem incidentes, o que faz parte da rotina
normal dessa atividade."
O Brasil -ao lado da Coreia do Norte- é um dos poucos países em que o controle
de tráfego aéreo para a aviação civil é feito por militares.
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