São Paulo, segunda-feira, 23 de maio de 2011

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Bovespa tem quarta semana de baixa

Perdas no ano já atingem 9,7%; alta da inflação e instabilidade na política de juros afugentam investidores

Analistas preveem que o índice vai se recuperar no longo prazo, com as pressões inflacionárias mais controladas

Christian Tragni - 28.fev.11/Folhapress
Indicadores econômicos exibidos em painel durante pregão na BM&FBovespa

TONI SCIARRETTA
GIULIANA VALLONE
DE SÃO PAULO

A Bolsa de Valores de São Paulo emendou a quarta semana de perdas e já empurrou para o segundo semestre as perspectivas de recuperação aguardadas desde o final do ano passado.
O motivo é um mau humor generalizado nos mercados globais e no Brasil em particular. Enquanto o mundo econômico segue refém da recuperação na Europa e nos EUA, o Brasil enfrenta forte instabilidade nas taxas de juros devido à alta da inflação.
O temor é de que o Banco Central e o governo tenham de tomar medidas mais drásticas para segurar os preços e esfriar a economia.
Se o quadro perdurar, a Bolsa terá mais um ano negativo de rendimento de aplicações em ações. Até sexta, o Ibovespa já perdia 9,7% no acumulado de 2011 e 5,3% em maio.
Apesar de assustar os novatos, a baixa generalizada nas ações abre espaço para a compra de papéis com preços atraentes.
O investidor, porém, tem de estar preparado para aguardar uma recuperação que pode se confirmar só a partir de 2012.
"O investidor deve olhar para a Bolsa com uma perspectiva futura. Se olhar para o cenário agora, não terá uma perspectiva de recuperação muito rápida. A partir de 2012 o cenário deve melhorar. Os eventos esportivos internacionais, como a Copa e a Olimpíada, devem impulsionar a economia no médio e longo prazos", disse Paulo Levy, diretor da ICAP Brasil.
"A Bolsa está muito barata. Entrar numa Bolsa a 62.000 pontos é um nível fantástico. Mas a pessoa precisa ter consciência de que a inflação ainda não está controlada e de que vamos passar por trimestres de desaceleração com medidas para conter os preços. E isso vai se refletir nas ações", disse Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos.

CONTRAMÃO
De país de maior rentabilidade com ações no mundo em 2009, quando o Ibovespa saltou 82,1%, o Brasil teria se tornado um país caro e com oportunidades limitadas de ganho com ações. No ano passado, a Bolsa não teve força e terminou praticamente no zero a zero -alta de 1%, enquanto a inflação medida pelo IPCA ficou em 5,9%.
A situação do Brasil contrasta com a dos mercados globais. A Bolsa de Nova York mantém alta de 8,1% no índice Dow Jones em 2011; no ano passado, o índice já tinha subido 11%.
"Os grandes investidores preferem ir para países mais seguros, em que não há risco de inflação. Com a China aconteceu a mesma coisa, a Bolsa se descolou exatamente no momento em que ela começou a ter inflação", disse Almawi.
Para ela, as pressões inflacionárias só vão começar a arrefecer a partir do quarto trimestre deste ano. "Isso não vai acontecer nem no segundo trimestre nem no terceiro, então, por ora, a nossa Bolsa vai sofrer."


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