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Contas externas têm o pior resultado para maio desde 2001
Com crise na Europa, BC reduz projeção para entrada de investimento estrangeiro
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
As transações do Brasil
com o exterior registraram o
pior resultado para meses de
maio desde 2001, segundo o
Banco Central. A diferença
entre o dinheiro que entrou e
o que saiu do país no fluxo de
bens e serviços gerou um deficit de US$ 2 bilhões.
Maio é normalmente um
período positivo para as contas externas, principalmente
devido ao aumento das exportações agrícolas.
Neste ano, porém, a melhora no comércio exterior
não foi suficiente para cobrir
a alta no gasto com serviços e
nas remessas de lucros e dividendos para fora do país.
Segundo o BC, a alta do deficit está sendo puxada por
fatores ligados à aceleração
da economia. Subiram os
gastos de turistas no exterior,
as despesas com transporte e
aluguel de equipamentos e o
envio de lucro de filiais brasileiras para fora do país.
Com os US$ 18,7 bilhões
negativos acumulados no
ano, o BC manteve a previsão
de terminar 2010 com deficit
recorde de US$ 49 bilhões.
Houve uma melhora nas
expectativas em relação à balança comercial, cuja previsão de superavit passou de
US$ 10 bilhões para US$ 13
bilhões. Esse aumento será
compensado, no entanto, pelas maiores despesas com
serviços, segundo o BC.
Para analistas, as contas
externas começam a se aproximar de um patamar desconfortável. O presidente da
Sobeet (sociedade brasileira
de estudos da globalização),
Luis Afonso Lima, diz que o
deficit deve alcançar, dentro
de um ano, a marca de 3% do
PIB, ante 2,4% de agora.
"A luz amarela acende
quando se começa a chegar a
esse patamar do PIB. Isso pode deixar o credor externo
desconfortável e levar a um
ajuste na taxa de câmbio."
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes, a relação entre contas externas e PIB já
foi pior -chegou a mais de
4% em 1999 e 2002. Ele diz
também que o resultado tende a se ajustar de acordo com
o desempenho da economia.
INVESTIMENTO
Pela primeira vez em nove
anos, a entrada de capital estrangeiro no setor produtivo
não será suficiente para financiar esse deficit.
A crise na Europa levou o
BC a reduzir a previsão de investimentos estrangeiros diretos neste ano, de US$ 45 bilhões para US$ 38 bilhões.
Com isso, o país ficará mais
dependente do fluxo de dólares no mercado financeiro.
No mês passado, o investimento direto registrou o melhor resultado para meses de
maio da série histórica iniciada em 1947 (US$ 3,5 bilhões).
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