São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Contas externas têm o pior resultado para maio desde 2001

Com crise na Europa, BC reduz projeção para entrada de investimento estrangeiro

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

As transações do Brasil com o exterior registraram o pior resultado para meses de maio desde 2001, segundo o Banco Central. A diferença entre o dinheiro que entrou e o que saiu do país no fluxo de bens e serviços gerou um deficit de US$ 2 bilhões.
Maio é normalmente um período positivo para as contas externas, principalmente devido ao aumento das exportações agrícolas.
Neste ano, porém, a melhora no comércio exterior não foi suficiente para cobrir a alta no gasto com serviços e nas remessas de lucros e dividendos para fora do país.
Segundo o BC, a alta do deficit está sendo puxada por fatores ligados à aceleração da economia. Subiram os gastos de turistas no exterior, as despesas com transporte e aluguel de equipamentos e o envio de lucro de filiais brasileiras para fora do país.
Com os US$ 18,7 bilhões negativos acumulados no ano, o BC manteve a previsão de terminar 2010 com deficit recorde de US$ 49 bilhões.
Houve uma melhora nas expectativas em relação à balança comercial, cuja previsão de superavit passou de US$ 10 bilhões para US$ 13 bilhões. Esse aumento será compensado, no entanto, pelas maiores despesas com serviços, segundo o BC.
Para analistas, as contas externas começam a se aproximar de um patamar desconfortável. O presidente da Sobeet (sociedade brasileira de estudos da globalização), Luis Afonso Lima, diz que o deficit deve alcançar, dentro de um ano, a marca de 3% do PIB, ante 2,4% de agora.
"A luz amarela acende quando se começa a chegar a esse patamar do PIB. Isso pode deixar o credor externo desconfortável e levar a um ajuste na taxa de câmbio."
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a relação entre contas externas e PIB já foi pior -chegou a mais de 4% em 1999 e 2002. Ele diz também que o resultado tende a se ajustar de acordo com o desempenho da economia.

INVESTIMENTO
Pela primeira vez em nove anos, a entrada de capital estrangeiro no setor produtivo não será suficiente para financiar esse deficit.
A crise na Europa levou o BC a reduzir a previsão de investimentos estrangeiros diretos neste ano, de US$ 45 bilhões para US$ 38 bilhões. Com isso, o país ficará mais dependente do fluxo de dólares no mercado financeiro.
No mês passado, o investimento direto registrou o melhor resultado para meses de maio da série histórica iniciada em 1947 (US$ 3,5 bilhões).


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