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ANÁLISE MINERAÇÃO
Exploração mineral deve ser feita de forma sustentável
PAULO CAMILLO VARGAS PENNA
ESPECIAL PARA A FOLHA
É inegável que, no passado, a mineração deixou cicatrizes nos terrenos onde existiram minas.
Os segmentos produtivos
desconheciam ou não demonstravam preocupação
com os efeitos de sua operação no ambiente e nem mesmo a legislação espelhava
com rigor essa necessidade.
Tendo por base esse histórico conjugado à imagem de
uma mina, onde há alterações do terreno, é natural
que a maioria encontre dificuldade para compreender
como a retirada de minérios
possa ser sustentável.
E também são poucos os
que conseguem distinguir
um projeto mineral sustentável dos dias de hoje, de outros, do passado, sem ou com
baixa sustentabilidade.
Em realidade, a mineração
foi um dos setores que saíram
à frente no desafio de incorporar os conceitos de desenvolvimento econômico-social e ambiental no Brasil.
Um projeto minerador precisa ter detalhado planejamento desde seu início até o
fechamento da mina, algo
impensável há várias décadas. Áreas consideradas
exauridas vêm sendo mineradas novamente, graças às
novas tecnologias.
A mineração reutiliza mais
de 80% da água que consome e realiza a extração mineral em apenas 5%, em média,
dos terrenos concedidos.
Além de recuperar as características ambientais desses 5%, nos 95% restantes as
empresas assumem a gestão
territorial de espaços estratégicos para a conservação de
recursos naturais e da biodiversidade.
São exemplos as florestas
nacionais dos Carajás (PA) e
do Jamari (RO) e áreas preservadas ou recuperadas para
uso e lazer, como os parques
das Mangabeiras (Belo Horizonte), do Ibirapuera (São
Paulo) e das Pedreiras (Curitiba).
Portanto, o minério brasileiro incorpora ativos como
gestão eficiente de recursos
hídricos, conversação da biodiversidade, preservação
ambiental e gestão social,
entre outros.
Sustentabilidade é a única
forma de continuidade das
operações minerárias, simplesmente porque o mundo
assim o exige. E quem não
provar ser sustentável não
participa do comércio mundial.
A União Europeia tem conduzido políticas para determinar padrões de fornecimento para aquele bloco.
Uma chama-se Reach.
Obriga os exportadores a
comprovar a não toxicidade
dos produtos exportados, inclusive minérios.
Outra, Raw Materials Initiative, está em maturação e
vai além, evidenciando conceitos do tipo origem justa,
pegada de água e pegada de
carbono como critérios que
irão definir a competitividade entre os exportadores.
São barreiras não alfandegárias, movimentos da estratégia desse gigantesco jogo
de xadrez que é o comércio
internacional, no qual a exportação de minérios ocupa
posição de liderança na atração de divisas para o país.
PAULO CAMILLO VARGAS PENNA é
presidente do Instituto Brasileiro de
Mineração (Ibram).
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