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Petrobras decide adiar capitalização
Estatal posterga para setembro oferta pública de ações, e plano de investimentos poderá ter de ser revisto>
Queda de braço com governo em razão de avaliação sobre reservas leva à decisão; estatal
queria oferta para julho
PEDRO SOARES
DO RIO
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Pressionada pelo governo,
a Petrobras sofreu ontem um
revés e adiou para setembro
a oferta pública de ações necessária para capitalizar a
empresa e para fazer frente a
seu plano, anunciado anteontem, de investir R$ 224
bilhões entre 2010 e 2014.
Para não atrapalhar a oferta, a estatal queria realizar a
operação no fim de julho. Assim fugiria das férias de agosto no hemisfério Norte -que
reduzem o movimento dos
mercados- e da instabilidade do período pré-eleitoral.
Em queda de braço com o
governo, porém, a estatal foi
convencida a postergar a
oferta e aguardar a conclusão do laudo de avaliação da
ANP (Agência Nacional do
Petróleo) sobre as reservas
da União não licitadas do
pré-sal -que serão cedidas à
Petrobras e usadas para capitalizar a companhia.
Só ontem a agência contratou a empresa que vai certificar as acumulações de petróleo e gás.
A Petrobras queria realizar
a oferta só com base em sua
própria avaliação das reservas. A proposta era fazer um
acerto de contas posterior,
caso os valores atribuídos às
reservas fossem diferentes.
Mas o governo era contrário à proposta por temer contestações na Justiça, especialmente de minoritários.
O argumento é que o Projeto de Lei da Cessão Onerosa
aprovado no Congresso prevê a necessidade de duas diferentes avaliações das reservas da União.
APORTE
Estima-se que os reservatórios do pré-sal repassados
à estatal valham entre US$ 25
bilhões e US$ 35 bilhões, dependendo do preço do barril
usado nas avaliações. A Petrobras pagará à União pelas
reservas com títulos, que, depois, servirão para aportar
recursos na estatal.
A estatal quer captar mais
US$ 25 bilhões com o lançamento de ações -ou cerca de
R$ 50 bilhões. Esse dinheiro
é o que entrará efetivamente
no caixa da companhia, vindo dos acionistas minoritários que têm preferência em
participar da oferta.
Os recursos são necessários para que a Petrobras possa ampliar seu endividamento sem elevar seus níveis de
alavancagem -relação entre
dívida total e capital total.
INVESTIMENTOS
Se o receio da Petrobras se
confirmar e o apetite do mercado minguar no período
pré-eleitoral, o governo não
descarta a possibilidade de a
companhia rever seu plano
de negócios e reduzir seus investimentos, dependendo do
resultado da capitalização.
Ontem, sob críticas de alguns acionistas minoritários,
a Petrobras aprovou, em Assembleia-Geral Extraordinária, autorização para fazer a
oferta pública de ações.
A empresa poderá emitir
até R$ 150 bilhões em novas
ações, dos quais R$ 60 bilhões em papéis preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) e
R$ 90 bilhões em ordinários
(com direito a voto).
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