São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2010

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Petrobras decide adiar capitalização

Estatal posterga para setembro oferta pública de ações, e plano de investimentos poderá ter de ser revisto>

Queda de braço com governo em razão de avaliação sobre reservas leva à decisão; estatal queria oferta para julho


PEDRO SOARES
DO RIO
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Pressionada pelo governo, a Petrobras sofreu ontem um revés e adiou para setembro a oferta pública de ações necessária para capitalizar a empresa e para fazer frente a seu plano, anunciado anteontem, de investir R$ 224 bilhões entre 2010 e 2014.
Para não atrapalhar a oferta, a estatal queria realizar a operação no fim de julho. Assim fugiria das férias de agosto no hemisfério Norte -que reduzem o movimento dos mercados- e da instabilidade do período pré-eleitoral.
Em queda de braço com o governo, porém, a estatal foi convencida a postergar a oferta e aguardar a conclusão do laudo de avaliação da ANP (Agência Nacional do Petróleo) sobre as reservas da União não licitadas do pré-sal -que serão cedidas à Petrobras e usadas para capitalizar a companhia.
Só ontem a agência contratou a empresa que vai certificar as acumulações de petróleo e gás.
A Petrobras queria realizar a oferta só com base em sua própria avaliação das reservas. A proposta era fazer um acerto de contas posterior, caso os valores atribuídos às reservas fossem diferentes.
Mas o governo era contrário à proposta por temer contestações na Justiça, especialmente de minoritários.
O argumento é que o Projeto de Lei da Cessão Onerosa aprovado no Congresso prevê a necessidade de duas diferentes avaliações das reservas da União.

APORTE
Estima-se que os reservatórios do pré-sal repassados à estatal valham entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões, dependendo do preço do barril usado nas avaliações. A Petrobras pagará à União pelas reservas com títulos, que, depois, servirão para aportar recursos na estatal.
A estatal quer captar mais US$ 25 bilhões com o lançamento de ações -ou cerca de R$ 50 bilhões. Esse dinheiro é o que entrará efetivamente no caixa da companhia, vindo dos acionistas minoritários que têm preferência em participar da oferta.
Os recursos são necessários para que a Petrobras possa ampliar seu endividamento sem elevar seus níveis de alavancagem -relação entre dívida total e capital total.

INVESTIMENTOS
Se o receio da Petrobras se confirmar e o apetite do mercado minguar no período pré-eleitoral, o governo não descarta a possibilidade de a companhia rever seu plano de negócios e reduzir seus investimentos, dependendo do resultado da capitalização.
Ontem, sob críticas de alguns acionistas minoritários, a Petrobras aprovou, em Assembleia-Geral Extraordinária, autorização para fazer a oferta pública de ações.
A empresa poderá emitir até R$ 150 bilhões em novas ações, dos quais R$ 60 bilhões em papéis preferenciais (com prioridade na distribuição de dividendos) e R$ 90 bilhões em ordinários (com direito a voto).


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