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Ambientalistas dizem temer efeito da mudança
Um dos receios é o da "pressa eleitoral" para liberar obras de grande impacto
Para Carlos Young, da UFRJ, simplificar o licenciamento nos torna mais vulneráveis a problemas futuros
DE SÃO PAULO
A alteração das normas de
licenciamento ambiental de
grandes obras, como hidrelétricas, apesar de considerada
necessária, é vista com desconfiança por ambientalistas
ouvidos pela Folha.
Baseados no histórico recente do governo, eles temem que as mudanças sejam
para pior.
"Simplificar o licenciamento como se ele fosse um
entrave burocrático é uma
estupidez, porque nos torna
mais vulneráveis a problemas", afirma o economista
da UFRJ Carlos Eduardo
Young, especialista em ambiente.
Para Young, há uma "pressa eleitoral" no governo para
que grandes projetos de infraestrutura saiam do papel.
Assim, o licenciamento
ambiental, pelo tempo que
exige, acaba sendo visto como um "inimigo", e não como forma de evitar futuros
problemas, diz ele.
"Não existe isso de acelerar [o licenciamento], porque
a natureza do impacto precisa ser estudada", diz.
Para ele, mudar as regras é
"tapar o sol com a peneira",
já que o necessário é melhorar a estrutura dos órgãos licenciadores, que estão "depreciados" e têm poucos técnicos para a demanda atual.
Para o também economista Henri Acselrad, o atual governo dá a entender que o licenciamento "é algo a ser removido" e que o interesse é
"flexibilizar a regra".
A antropóloga Cecília Mello, da ONG Rede Brasileira
de Justiça Ambiental, diz que
as populações atingidas pelas obras deveriam ter prioridade no processo de licenciamento e ser consultadas sobre os possíveis impactos.
"COISA ARCAICA"
Já o especialista em direito
ambiental Nivar Gobbi acha
a iniciativa boa. "A legislação é uma coisa arcaica, que
precisa ser mexida."
Formado em biologia e
consultor na área, Gobbi afirma que a influência eleitoral
é pequena. "Se não for num
ano eleitoral, sabe quando isso vai mudar? Nunca."
Há um ano, o presidente
Lula disse que gostaria de poder "anunciar uma obra e ela
acontecer". "É preciso que a
gente encontre um jeito de
permitir que as coisas aconteçam neste país", disse na
ocasião.
(EHC)
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