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Ocidentais buscam emprego na China
Americanos e europeus procuram oportunidades; 72% das empresas chinesas estão contratando gerentes
País era destino exótico, apenas para estudantes ou executivos enviados por multinacionais; cultura ainda dificulta
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
Há dois anos trabalhando
na China, o norte-americano
Mike Shaw, 34, é o primeiro
de sua família a deixar a região de Boston desde meados do século 19.
"Até vir para a China, nunca tinha conseguido um trabalho "das 9h às 17h" na área
em que estudei. Isso diz muito sobre os Estados Unidos
de hoje", diz Shaw, formado
em comunicação social e hoje editor de uma empresa de
relações públicas. "É estimulante estar aqui."
Ao contrário de funcionários de multinacionais, que
em geral chegam por um
tempo mais ou menos determinado, um crescente número de trabalhadores ocidentais está conseguindo trabalho em empresas chinesas,
onde pretendem ficar sem
um prazo definido.
Antes uma opção exótica,
o mercado chinês, com taxa
de desemprego urbano de
4,2% e economia aquecida, é
cada vez mais atraente para
profissionais de países como
Estados Unidos (9,5%) e Espanha (19,9%).
RECÉM-FORMADOS
"Em posições de alto escalão, as empresas chinesas
preferem locais, mas, para
níveis de gerência ou posições técnicas onde não há
mão de obra chinesa, eles importam pessoas e não olham
para a sua nacionalidade,
apenas se você pode fazer o
trabalho", disse à Folha
Chloe Shou, consultora em
Pequim da Antal, multinacional de "headhunting".
Segundo Chloe, há um número cada vez maior de recém-formados estrangeiros
que vêm à China para aprender mandarim ou fazer pós-graduação e acabam entrando no mercado de trabalho.
De fato, dados do Ministério da Educação mostram
que, no ano passado, havia
230 mil estudantes de 190
países na China, um número
recorde e 6,6% maior do que
no ano anterior. A meta do
governo é chegar a 500 mil
alunos estrangeiros em 2020.
Amiga de Shaw, a arquiteta espanhola Cristina Bermejo passou uma temporada na
China antes de se graduar.
Voltou à Espanha, obteve o
diploma e voltou para trabalhar em Pequim.
Segundo Shaw, o grupo de
estrangeiros que querem se
estabelecer é bem menor do
que a quantidade de temporários. Mas ele crê que o número cresce desde 2008, sobretudo de europeus.
A impressão de Shaw pode
estar correta. Uma pesquisa
mundial de mercado de trabalho da Antal mostra que
72% das empresas chinesas
estão contratando no nível
gerencial e profissional, ante
63% dos EUA e 45% da Europa Ocidental -o Brasil aparece com 65%.
Para Huang Xiaoping,
consultor da empresa de recrutamento Risfond Executive, o interesse estrangeiro
ainda é pequeno e concentrado em descendentes de
imigrantes chineses. Os principais motivos, diz, são a barreira cultural e a falta de benefícios para os funcionários, como um plano de aposentadoria.
Huang acredita que o crescimento chinês e a internacionalização de empresas
deixarão o país mais atraente
para quem vem de fora. "Nos
próximos cinco anos, a China
terá muitas vagas para estrangeiros", prevê.
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