São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2010

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EUA querem meta para contas externas

Proposta americana para o G20 tem como alvo principal a China e quer que saldo represente até 4% do PIB em 2015

Governo chinês ainda não se manifestou sobre o plano, apoiado pelo Reino Unido; Alemanha e Japão estão reticentes

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em um plano que tem como alvo claramente a China, o governo norte-americano quer que os países do G20 adotem um limite para o seu saldo em conta-corrente.
A proposta foi apresentada pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner, em carta aos demais membros do G20, que se reúne a partir de hoje na Coreia do Sul.
O secretário americano não mencionou qual seria a meta para o saldo em conta-corrente (soma das balanças comercial e de serviços e de transferências unilaterais), mas, segundo o ministro japonês Yoshihiko Noda, ele representaria superavit/deficit de até 4% do PIB em 2015.
Ainda que o plano seja aceito pelo G20, os países não são obrigados a colocá-lo em prática, já que acordos do grupo não têm força de lei.
A ideia, que vem ganhando força nos EUA desde 2009, é que a economia global (especialmente a asiática) não seja tão dependente das importações americanas.
Os EUA, mesmo com a crise, foram o maior importador global no ano passado, ao comprar 12,7% de todas as vendas externas. Mas isso significa que o país acumula deficit comercial (que só neste ano é de US$ 427 bilhões).
No documento, Geithner diz que os países com "superavit persistentes devem adotar políticas estrutural, fiscal e cambial para incentivar as fontes internas de expansão e apoiar a demanda global".
Por outro lado, os países com deficit (como os EUA) devem elevar as taxas de poupança, por meio de alta das exportações e estabilizando o endividamento.
Ou seja, a intenção é reduzir os desequilíbrios globais.
Mas o principal destino da carta da Geithner é a China e a sua relutância em deixar sua moeda, o yuan, se valorizar mais fortemente.
"Países emergentes com moedas significativamente subvalorizadas e reservas adequadas precisam deixar suas taxas cambiais se ajustar plenamente para níveis adequados aos fundamentos econômicos."
Ao transferir o foco para os desequilíbrios comerciais, os EUA visam tirar as atenções sobre o yuan e trazer os chineses para a mesa de negociação para discutir o equilíbrio da economia mundial.
Países como Reino Unido, Canadá e Austrália já declararam apoio à proposta americana. A Alemanha e o Japão, grandes exportadores, mostraram-se reticentes. A China não se manifestou até o fechamento desta edição.
A China tem superavit em conta-corrente de 4,7% do PIB, e a Alemanha, de 6,1%. EUA e Reino Unido têm deficit. O Brasil tem deficit de 2,2% em 12 meses, até julho.


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