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Incerteza sobre oferta eleva preço do café
Alta no mercado internacional pode chegar ao consumidor brasileiro, diz indústria
TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO
Preocupações com a oferta
de café estão levando a commodity a bater recordes de
preço no mercado internacional. E, caso a alta persista,
a conta pode chegar ao consumidor brasileiro.
Após atingir o maior nível
em 13 anos em Nova York, na
quinta, o contrato com vencimento em dezembro fechou
ontem cotado a US$ 1,98 por
libra-peso, acumulando ganho de 6,7% na semana.
Assim como ocorre com todas as commodities, a valorização do café também tem
origem no mercado financeiro. Mas o balanço entre oferta
e demanda legitima a alta.
Os estoques nos países
produtores estão no menor
nível da história, segundo a
OIC (Conselho Internacional
do Café). Para este ano, eles
são estimados em 11,7 milhões de sacas pela entidade,
ante 20,9 milhões em 2009.
A esperança para tornar o
quadro mais confortável era
o Brasil, responsável por um
terço da safra mundial.
Em ano de elevada produção no regime de bianualidade da cultura, a expectativa
era que o país produzisse o
suficiente para garantir bons
estoques para a safra 2011/12,
que será menor.
Mas pouco café deve sobrar, devido à menor oferta
de outros exportadores, como a Colômbia, e ao contínuo aumento da demanda.
"A safra brasileira não será
suficiente para dar tranquilidade ao mercado", diz Silvio
Leite, sócio da Agricafé, comercializadora do grão. "O
nível dos estoques mundiais
vai crescer muito pouco",
afirma José Carlos Vannini,
sócio da MBAgro.
A consultoria prevê que a
produção brasileira totalizará 48,6 milhões de sacas em
2010/11, aumento de 23% em
relação à anterior. Os estoques mundiais finais, porém,
devem crescer apenas 5%,
para 34,7 milhões de sacas.
REFLEXO NO BOLSO
Apesar de o café robusta,
mais vendido no Brasil, não
ter acompanhado a intensidade da valorização do arábica, Nathan Herszkowicz, da
Abic (associação da indústria
do café), diz que, caso a alta
persista, haverá aumento
nos preços ao consumidor.
"Grandes variações acabam repercutindo no mercado de forma geral", afirma.
Segundo Anselmo Magno,
da Cocapec (Cooperativa de
Cafeicultores de Franca), o
preço da saca vendida pelos
cooperados passou de R$ 315
para R$ 340 em uma semana.
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