Empresas se dizem pressionadas por chineses a elevar investimento no país asiático em troca de acesso a minerais raros

China já bloqueou o embarque para Japão, EUA e Europa de matéria-prima usada em eletrônicos

DO "NEW YORK TIMES",
EM BERLIM

Irritado com ações arbitrárias da China quanto a minerais cruciais para o setor de alta tecnologia, o governo alemão anunciou que alertará os países do G20 (Grupo dos 20) quanto à questão e que reforçaria os esforços para desenvolver novos suprimentos na Europa Oriental e Ásia Central.
Empresas alemãs dizem estar sendo pressionadas por autoridades chinesas a elevar seus investimentos no país, caso desejem acesso garantido aos minerais raros e a dois outros elementos minerais obscuros, o tungstênio e o antimônio. A China domina a mineração desses metais.
De todos os países dependentes dessas exportações, é a Alemanha que vem fazendo os mais ruidosos protestos contra o comportamento chinês e que parece mais insatisfeita com a abordagem relativamente contida adotada pela União Europeia. Sem mencionar diretamente a China, o ministro da Economia da Alemanha, Rainer Brüderle, disse que as tentativas de monopolizar esse tipo de mineral representam um desafio mundial que precisa ser enfrentado nas reuniões do Grupo dos Oito (G8) e do G20 na Coreia do Sul, no mês que vem.
"São materiais decisivos, especialmente para o desenvolvimento de avanços na alta tecnologia alemã", afirmou Brüderle. Ele disse que Alemanha e Japão desejavam trabalhar juntos para estimular a produção em outros países que disponham de minerais raros.

UTILIZAÇÃO
Esses insumos são utilizados na produção de ampla variedade de bens eletrônicos, entre os quais celulares e televisores de telas planas. Também podem ser encontrados em produtos industriais especializados, tais como brocas e componentes de automóveis elétricos.
Três executivos do setor disseram ao "New York Times" nesta semana que a China, depois de passar o mês passado inteiro bloqueando todos os embarques ao Japão desses elementos cruciais, havia discretamente suspendido alguns embarques desses minerais aos Estados Unidos e à Europa.
Na quinta de manhã, pelo quarto dia consecutivo, a alfândega chinesa estava bloqueando a aprovação final da documentação necessária ao carregamento dos minerais raros em navios para exportação, disseram executivos do setor. Alguns embarques continuam a deixar portos chineses, mas tendem a ser cargas cuja documentação alfandegária havia sido aprovada antes que as autoridades chinesas endurecessem as normas, na segunda-feira.

ALTA DE PREÇOS
Os cortes causaram alta de preços e geraram temores no setor quanto a uma séria escassez desses metais. A China nega a existência de qualquer embargo.
Líderes industriais e governamentais alemães planejam realizar uma conferência em Berlim na terça-feira com a presença do secretário-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, e outras autoridades, a fim de discutir o assunto.