São Paulo, terça-feira, 23 de novembro de 2010

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Crise deve derrubar governo da Irlanda

Premiê diz que aceita dissolver Parlamento após aprovar Orçamento com corte de gasto e alta de tributo acertados com UE

Pacote de socorro, acertado com bloco e FMI, pode chegar a 90 bi; eleição deveria ocorrer apenas em 2012

Cathal McNaughton/Reuters
Manifestantes protestam em Dublin, capital da Irlanda, contra o governo e o pacote de ajuda do FMI e da União Europeia

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

A crise política da Irlanda ficou ainda pior após o governo se resignar e aceitar o empréstimo que pode chegar a 90 bilhões (R$ 211 bilhões) do FMI e da União Europeia para resolver seus problemas de caixa.
Pressionado a renunciar, o primeiro-ministro Brian Cowen deu entrevista no início da noite de ontem para dizer que não sai agora, mas que aceita dissolver o Parlamento e convocar eleições gerais após o Orçamento de 2011 ser aprovado, o que deve acontecer até o fim do ano.
O Orçamento será enviado ao Parlamento no dia 7 de dezembro. Deve conter os cortes de gastos e o aumento de tributos acertados com o FMI e a União Europeia.
Ainda não saíram todos os detalhes da ajuda, como valor exato e contrapartida do país, mas durante todo o dia a oposição e até o Partido Verde, que faz parte da coalizão que governa o país, exigiam eleições antecipadas.
Para o Partido Verde, a população se sente enganada e é necessário recriar uma situação de confiabilidade, que só eleições trariam.

TRAIÇÃO
"As pessoas se sentem traídas. Chegamos a um ponto em que elas precisam de segurança política para além dos próximos dois meses.
Acreditamos que é tempo de fixar uma data para eleições gerais na segunda quinzena de janeiro", disse John Gormley, líder do Partido Verde e ministro do Meio Ambiente.
As últimas eleições foram em 2007. As próximas seriam em 2012. O Fianna Fáil foi o partido que obteve mais cadeiras no Parlamento, mas precisou do apoio dos verdes para formar o governo.
Para passar seu projetos, precisa ainda do apoio de deputados independentes. A crise política voltou a afetar os mercados. O euro e as ações, que subiam com a notícia do empréstimo, passaram a cair com a possibilidade de eleições e do risco de o governo não conseguir aprovar o Orçamento.
Para piorar, a agência de classificação de riscos Moody's anunciou que deve reduzir a nota da Irlanda.
As ações dos bancos irlandesas também caíram. Eles são o principal problema da país e a causa de sua crise aguda. Em 2008, com a crise global, o governo socorreu os bancos para evitar que quebrassem. Com isso, elevou seu deficit.
Irlandeses irados contra o empréstimo e a política de cortes de gastos foram para as ruas e atacaram carros de membros do governo. Houve confronto com a polícia.

FOLHA.com

Leia a coluna de Clóvis Rossi
folha.com.br/pr834331



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