São Paulo, terça-feira, 23 de novembro de 2010

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ANÁLISE

Na crise de dívidas da Europa, há quem defenda o calote

LANDON THOMAS JR.
DO "NEW YORK TIMES"

A Irlanda, por fim, decidiu aceitar seu amargo remédio, na forma de um pacote financeiro de resgate, após semanas de pressão por parte das autoridades da UE.
Mas economistas e especialistas em política debatem com intensidade cada vez maior se não seria melhor, e mais justo, que as economias mais fracas do continente decretassem moratória.
Muitos especialistas agora acreditam que resgates sirvam apenas para adiar o inevitável. Em lugar de prejudicar ainda mais suas economias por meio de cortes drásticos nos Orçamentos, dizem os especialistas, os governos deveriam iniciar imediatamente negociações com os detentores de títulos de dívida e forçá-los a aceitar prejuízos em seus investimentos.
O risco, claro, é o de um pânico entre os investidores que se alastraria pelos mercados financeiros em um momento no qual a economia mundial continua frágil.
Mas uma reorganização estruturada de dívidas que reduziria os montantes devidos pelos países em crise, especialmente em combinação com um pacote de assistência financeira, poderia oferecer um caminho mais rápido para a recuperação -e evitar o trauma de calotes forçados no futuro, argumentam alguns economistas.
Os proponentes de uma moratória afirmam que a Argentina e a Rússia, em 2002 e 1998, respectivamente, conseguiram se reerguer depois de uma reestruturação de dívidas. Ambas deram calote em sua dívida externa e, depois de desvalorizações em suas moedas, foram capazes de se recuperar.
Mesmo assim, falar sobre um calote -ou reestruturação de dívida, o termo que os banqueiros e tecnocratas preferem- continua a ser anátema em capitais como Atenas e Dublin.
Os líderes da Grécia e Irlanda temem que seus países acabem excluídos dos mercados e impossibilitados de obter novos fundos.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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