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commodities
Congresso dos EUA pode cortar subsídios
Incentivos ao álcool, em vigor há três décadas, somam US$ 6 bi anuais e prejudicam produtores de cana do Brasil
Subsídio de US$ 0,45 por galão (3,7 litros) de álcool para mistura à gasolina poderá ser reduzido para US$ 0,30
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Com pouquíssimo tempo
hábil para renovar as tarifas
à importação e os subsídios
ao álcool, que expiram ao final do ano, o Congresso dos
Estados Unidos avalia baixar
os valores de incentivos que
hoje somam US$ 6 bilhões
anuais e prejudicam o Brasil.
Os subsídios estão em vigor há três décadas, mas o
clima geral antideficit no governo virou a onda contra a
renovação dos programas
neste ano, ao menos nos valores atuais.
O líder da Comissão de Finanças do Senado americano, Max Baucus, disse que é
possível que o subsídio de
US$ 0,45 por galão (3,7 litros)
de álcool para mistura à gasolina caia para US$ 0,30.
Seu contraparte na Câmara havia sugerido em julho
estender o subsídio por um
ano com o valor de US$ 0,36.
Além do subsídio de US$
0,45, feito via desconto de
impostos, expiram em dezembro o subsídio de US$
0,10 por galão para pequenos produtores e a tarifa à importação, de US$ 0,54 por galão, o que afeta diretamente
produtores de cana-de-açúcar do Brasil.
O produto brasileiro também recebe o desconto de
US$ 0,45, mas a vantagem é
eliminada pela barreira tarifária, criada especificamente
para contrabalançar o subsídio aos estrangeiros.
A torcida brasileira é para
que não dê tempo de o Congresso americano analisar as
renovações.
A pauta de votações do Senado está atolada de leis urgentes e há poucos dias para
agir antes dos recessos de
Ação de Graças e do fim de
ano.
LOBISTAS EM GUERRA
Preocupada, a indústria
do álcool americano, feito a
partir do milho, está fazendo
uma campanha furiosa no
Congresso para estender os
subsídios.
O setor emprega cerca de
400 mil pessoas e afirma que
até 30% dos postos podem
ser cortados com a queda dos
subsídios.
Nesta semana, a Associação de Combustíveis Renováveis dos Estados Unidos e vários outros grupos enviaram
cartas para líderes da Câmara e do Senado alertando para a eliminação de milhares
de empregos se o Congresso
não mantiver os incentivos.
"Nossa prioridade número
um é manter a estrutura dos
incentivos como está", disse
à Folha Matt Hartwig, porta-voz da associação.
"E estamos pedindo ao
Congresso que estenda também a tarifa à importação.
Não achamos que os norte-americanos devem subsidiar
plantações de cana-de-açúcar no Brasil."
Para Hartwig, apesar da
atual grita antideficit, há
"oportunidade para estender
os incentivos, mesmo que seja por apenas um ano ou
dois. Ninguém quer ver mais
americanos desempregados", afirmou.
Enquanto isso, o lobby dos
produtores brasileiros tenta
capitalizar na pressão contra
gastos públicos para evitar as
renovações.
A Unica (União da Indústria Brasileira de Cana-de-Açúcar) afirma que mais de
25 mil pessoas enviaram cartas a seus representantes no
Congresso nos últimos dias
pedindo o fim dos subsídios e
da tarifa.
"Estou cautelosamente
otimista. Mas ainda vejo 50%
de chance de o protecionismo americano vencer por
mais um ano", disse Joel Velasco, representante da Unica em Washington.
Harry de Gorter, analista
de energia do instituto Cato,
afirmou à Folha que "não faz
sentido estender o desconto
de impostos" ao álcool, mas
as intenções do Congresso
ainda estão nebulosas.
"Temo que vão estender o
subsídio por mais um ano,
mas com valor menor, e manter a tarifa."
Ele crê que o subsídio via
desconto de impostos não
vai durar muito, mas é possível que seja substituído por
algo ainda pior para o Brasil:
um pagamento direto aos
produtores norte-americanos, o que seria ilegal pelas
regras da OMC (Organização
Mundial do Comércio).
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