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China planeja 2 mi de chineses nas obras em Angola
Com investimento de US$ 9 bi, asiáticos transferem 100 mil trabalhadores para canteiros de obras no país
Cresce sentimento
contra mão de obra
chinesa em Angola,
onde desemprego
pode chegar a 30%
AGNALDO BRITO
ENVIADO ESPECIAL A ANGOLA
O caminhoneiro Zhang
Chun Guang pilota um caminhão carregado de asfalto.
Ele espera a vez, enquanto
gesticula e balbucia algo que
se supõe: "Não falo português". Nem precisava.
Zhang é parte de um grande plano estratégico dos chineses para ocupação econômica e demográfica de Angola, cujo objetivo é obter petróleo e exportar gente.
O governo de Angola não
se pronuncia, mas circula no
país a informação de que a
China, o maior parceiro angolano, pretende colocar, em
dez anos, 2 milhões de pessoas na emergente economia
africana. Quantidade equivalente a 10% da população.
Estima-se que a China já
levou ao país mais de 100 mil
pessoas e, diferentemente de
outros parceiros comerciais,
a grande massa é de trabalhadores como Zhang.
Na letra da lei, Angola não
permite que nenhum projetos com capital estrangeiro
no país possua mais de 30%
de mão de obra expatriada.
A Folha procurou o governo para que comentasse a relação com a China, mas não
obteve resposta.
A avaliação é que os US$ 9
bilhões em capital chinês
(parte a juros subsidiados)
dão aos chineses condição
diferenciada em Angola.
"Há projetos em que os
chineses representam mais
de 50% da mão de obra contratada", diz Raimundo Lima, presidente da Assembleia da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola.
Essa situação tem criado
certo mal-estar em Angola,
país que, apesar do forte
crescimento econômico, ainda convive com grande massa de desempregados.
A taxa oficial de desemprego é de 22,5%, mas estudos
apontam pelo menos 30%.
DESEMPREGO
Basta observar a capital,
Luanda, para perceber que o
desemprego é algo crônico.
Em qualquer via congestionada, centenas de angolanos
oferecem de tudo no trânsito,
de ternos mal cortados a pães
dispostos em cestos enormes
no meio da poeira.
A presença maciça da mão
de obra da China, confinada
em canteiros, começa a nutrir a percepção de que trabalhadores chineses com baixa
qualificação ocupam espaço
de angolanos.
Muitos são ex-guerrilheiros que participaram da luta
clandestina contra os portugueses e na guerra civil entre
as organizações armadas pela controle do país, no MPLA
(que saiu vitorioso), na Unita
ou no FNLA.
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