São Paulo, segunda-feira, 24 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidor prefere empréstimo no varejo

DE SÃO PAULO

Apesar das tentativas dos bancos para se aproximarem do cliente de baixa renda, ainda é nas redes de varejo que esses consumidores preferem buscar empréstimos.
"Apresentamos diversos logos de bancos e de redes de varejo, que atuam ou não em parceria com financeiras. E 61% dos entrevistados optaram por fazer empréstimos com o varejo", diz Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto Data Popular.
"Isso mesmo se o varejo cobrasse juros cinco pontos percentuais a mais no ano do que os bancos", acrescenta.
"O consumidor de baixa renda aprendeu a buscar crédito na loja, criou laços com a empresa que o atende. É na loja que ele materializa seus desejos ao comprar uma geladeira, um fogão", diz Claudio Felisoni, coordenador do Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA.
O banco, diz, ainda é "distante" e impõe restrições. "Até a porta giratória é empecilho ao seu ingresso."
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, as escolhas do consumidor estão relacionadas ao tamanho da prestação, não aos juros.
Apesar da inexperiência para lidar com o crédito, Solimeo avalia que a inadimplência do consumidor "novato" não chama atenção.
Pesquisa feita em fevereiro com cem pessoas que compraram pela primeira vez mostra que 8,4% se tornaram inadimplentes. Já entre cem deles que estavam habituados a comprar, a inadimplência foi de 6,7%.

FIADO VIRA CRÉDITO
O consumidor de baixa renda também busca crédito em ambientes informais -como a mercearia do bairro, por meio da compra fiado.
Quando abriu uma mercearia, há quatro anos, na zona leste de São Paulo, Pedro dos Santos Junior imaginou o que todo comerciante pensa: fiado é prejuízo.
Os clientes começaram a chegar, a comprar e a pedir prazo para pagar. E o que começou como uma exceção a bons pagadores acabou aumentando o faturamento do comércio em cerca de 10%.
"Nasci e cresci nesse bairro. Conheço todos e todos me conhecem. Hoje, o fiado funciona como um crédito que concedo a eles, sem cobrar nada a mais por isso", diz.
Segundo ele, são os mais jovens quem atrasam mais o pagamento. "Aí não dá. Tenho que agir na prática como banco, que corta o crédito."
Os clientes que compram na mercearia de Junior, assim como boa parte dos consumidores de menor poder aquisitivo, têm vergonha de recorrer a bancos.
Pesquisa da WMcCann (com casais com renda entre R$ 1.000 e R$ 2.000) mostrou que 47% deles têm vergonha de pedir dinheiro emprestado. E 81% afirmam que o banco é o ultimo lugar em que solicitariam crédito.


Texto Anterior: Classe C compartilha cartão de crédito
Próximo Texto: China planeja 2 mi de chineses nas obras em Angola
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.