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Consumidor prefere empréstimo no varejo
DE SÃO PAULO
Apesar das tentativas dos
bancos para se aproximarem
do cliente de baixa renda,
ainda é nas redes de varejo
que esses consumidores preferem buscar empréstimos.
"Apresentamos diversos
logos de bancos e de redes de
varejo, que atuam ou não em
parceria com financeiras. E
61% dos entrevistados optaram por fazer empréstimos
com o varejo", diz Renato
Meirelles, sócio-diretor do
instituto Data Popular.
"Isso mesmo se o varejo
cobrasse juros cinco pontos
percentuais a mais no ano do
que os bancos", acrescenta.
"O consumidor de baixa
renda aprendeu a buscar crédito na loja, criou laços com a
empresa que o atende. É na
loja que ele materializa seus
desejos ao comprar uma geladeira, um fogão", diz Claudio Felisoni, coordenador do
Provar (Programa de Administração de Varejo) da FIA.
O banco, diz, ainda é "distante" e impõe restrições.
"Até a porta giratória é empecilho ao seu ingresso."
Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo, as escolhas do consumidor estão
relacionadas ao tamanho da
prestação, não aos juros.
Apesar da inexperiência
para lidar com o crédito, Solimeo avalia que a inadimplência do consumidor "novato" não chama atenção.
Pesquisa feita em fevereiro
com cem pessoas que compraram pela primeira vez
mostra que 8,4% se tornaram inadimplentes. Já entre
cem deles que estavam habituados a comprar, a inadimplência foi de 6,7%.
FIADO VIRA CRÉDITO
O consumidor de baixa
renda também busca crédito
em ambientes informais
-como a mercearia do bairro, por meio da compra fiado.
Quando abriu uma mercearia, há quatro anos, na zona leste de São Paulo, Pedro
dos Santos Junior imaginou o
que todo comerciante pensa:
fiado é prejuízo.
Os clientes começaram a
chegar, a comprar e a pedir
prazo para pagar. E o que começou como uma exceção a
bons pagadores acabou aumentando o faturamento do
comércio em cerca de 10%.
"Nasci e cresci nesse bairro. Conheço todos e todos me
conhecem. Hoje, o fiado funciona como um crédito que
concedo a eles, sem cobrar
nada a mais por isso", diz.
Segundo ele, são os mais
jovens quem atrasam mais o
pagamento. "Aí não dá. Tenho que agir na prática como
banco, que corta o crédito."
Os clientes que compram
na mercearia de Junior, assim como boa parte dos consumidores de menor poder
aquisitivo, têm vergonha de
recorrer a bancos.
Pesquisa da WMcCann
(com casais com renda entre
R$ 1.000 e R$ 2.000) mostrou
que 47% deles têm vergonha
de pedir dinheiro emprestado. E 81% afirmam que o
banco é o ultimo lugar em
que solicitariam crédito.
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