São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2011

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Sem reajuste de combustível, Petrobras sofre alta de royalties

Estatal paga mais ao governo por preço em alta do barril e analista diz que lucro vai encolher

Contribuição para União, Estados e prefeituras sobe 33%; preço médio teve alta de 12% no último ano

PEDRO SOARES
DO RIO

Impedida pelo governo de repassar a alta internacional do petróleo para os combustíveis no Brasil, a Petrobras deixa de gerar uma receita maior, mas é obrigada a arcar com o custo mais elevado do barril do óleo que serve de referência para o pagamento de royalties.
Diante da alta do petróleo, o custo com o que é recolhido aos cofres de União, Estados e municípios subiu de uma média de US$ 14,33 por barril de janeiro a março de 2010 para US$ 19,10 por barril em igual período de 2011. Trata-se de uma variação positiva, em dólares, de 33%.
Entre todas as despesas que a estatal têm para extrair um barril de petróleo no Brasil, as mais significativas são justamente as chamadas participações governamentais.
Indiretamente, preços mais elevados do petróleo também pressionam outros custos de extração -que incluem despesas com equipamentos, empregados e investimentos, entre outros.
O custo para retirar um barril de petróleo passou de US$ 9,40 por barril no primeiro trimestre de 2010 para US$ 11,38 nos três primeiros meses de 2011 -alta de 21%.
O barril do petróleo Brent (referência internacional) subiu 38% em um ano, enquanto o preço médio da estatal teve alta de apenas 12%.
À Folha o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou que "a defasagem é consequência da política adotada pela Petrobras de não repassar para os preços internos a volatilidade dos preços internacionais".
O diretor disse que a Petrobras "realiza", a médio e longo prazo, a média de preços internacionais e que o lucro do trimestre foi recorde -graças ao fato de alinhar as cotações de outros produtos, como querosene de aviação.
Apesar da perda de receita, a estatal lucrou R$ 10,985 no trimestre, alta de 42% ante o mesmo período de 2010.

IMPORTAÇÃO
Para Rafael Schechtman, diretor da consultoria CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a Petrobras teve "um prejuízo grande" neste ano principalmente em suas vendas de gasolina.
É que a estatal, diz, teve de importar o produto por causa da expansão do consumo decorrente da elevação dos preços do álcool. A empresa, afirma, pagou mais pelo combustível do que o preço de venda no Brasil.
Ele diz que a companhia lucrou menos do que seu potencial. "Há uma clara interferência. A Petrobras nada fez porque o governo teme o impacto da alta dos combustível sobre a inflação", diz.


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