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Resultado de teste de bancos na UE não elimina desconfiança
De 91 instituições, teste de estresse só reprova 7, mas analistas suspeitam de critérios pouco rigorosos
Bancos reprovados em cenário de agravamento da crise econômica são pequenos e regionais;
cinco são da Espanha
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O aguardado resultado do
teste de estresse das principais instituições financeiras
da Europa -feito para mostrar ao mundo que elas estão
sólidas para enfrentar um
eventual agravamento da crise econômica- foi divulgado
ontem, mas não acabou com
as desconfianças.
O fato de apenas sete de 91
bancos analisados terem fracassado foi visto por analistas como um sinal de que o
teste pode ter sido bem pouco rigoroso.
Numa metáfora usada por
um economista, parece que
testaram a segurança de um
avião para suportar uma brisa suave, não um furacão.
No ano passado, os Estados Unidos fizeram um teste
semelhante em 19 bancos.
Dez foram reprovados.
Todos os europeus com
problemas são pequenos e
regionais. Cinco estão na Espanha, um na Grécia e outro
na Alemanha. Juntos, precisam obter cerca de 3,5 bilhões para se capitalizar e enfrentar situação econômica
mais adversa.
"Foi um teste muito sério.
Todas as críticas são prematuras", reagiu Franz-Christoph Zeitler, membro do comitê executivo do Banco
Central Alemão, em uma coletiva em Frankfurt.
O banco alemão reprovado foi o Hypo Real, o que não
causou nenhuma surpresa
uma vez que ele já recebeu
dinheiro do governo e está
sendo nacionalizado.
A Espanha foi o país com o
maior número de instituições
com problemas, cinco (Diada, Espiga, Banca Cívica, Unnim e Cajasur). Mas foi o único país a colocar quase todo o
seu sistema financeiro sob
escrutínio.
Miguel Ángel Fernández
Ordóñez, presidente do Banco Central Espanhol, afirmou
que a maioria das "cajas"
(casas de poupança) já está
num processo de abrir seu
capital para investidores.
Dos seis bancos gregos testados, só o ATEbank falhou.
"O sistema bancário grego
provou que pode resistir a
condições extremas", disse
George Papaconstantinou,
ministro das Finanças.
MERCADO
O resultado dos testes foi
divulgado depois do fechamento dos mercados na Europa. Nos EUA, ações de bancos subiam no final do dia.
Assim como o euro, que se
valorizou ante o dólar.
É improvável que ocorra
uma corrida aos caixas. O
mais importante é saber se
vai voltar a confiança entre
os próprios bancos e se o empréstimo entre eles retomará
os níveis normais.
Esses empréstimos ficaram quase congelados desde
maio, com a crise grega.
Um dado que os investidores pediam e não foi divulgado é quanto cada banco tem
de títulos públicos, em especial de países com sérios problemas de dívidas, como Grécia, Irlanda e Portugal.
Essa revelação, sim, poderia acalmar os investidores
ou, ao contrário, deixá-los
mais nervosos.
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