São Paulo, sábado, 24 de julho de 2010

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Resultado de teste de bancos na UE não elimina desconfiança

De 91 instituições, teste de estresse só reprova 7, mas analistas suspeitam de critérios pouco rigorosos

Bancos reprovados em cenário de agravamento da crise econômica são pequenos e regionais; cinco são da Espanha


VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O aguardado resultado do teste de estresse das principais instituições financeiras da Europa -feito para mostrar ao mundo que elas estão sólidas para enfrentar um eventual agravamento da crise econômica- foi divulgado ontem, mas não acabou com as desconfianças.
O fato de apenas sete de 91 bancos analisados terem fracassado foi visto por analistas como um sinal de que o teste pode ter sido bem pouco rigoroso.
Numa metáfora usada por um economista, parece que testaram a segurança de um avião para suportar uma brisa suave, não um furacão.
No ano passado, os Estados Unidos fizeram um teste semelhante em 19 bancos. Dez foram reprovados.
Todos os europeus com problemas são pequenos e regionais. Cinco estão na Espanha, um na Grécia e outro na Alemanha. Juntos, precisam obter cerca de 3,5 bilhões para se capitalizar e enfrentar situação econômica mais adversa.
"Foi um teste muito sério. Todas as críticas são prematuras", reagiu Franz-Christoph Zeitler, membro do comitê executivo do Banco Central Alemão, em uma coletiva em Frankfurt.
O banco alemão reprovado foi o Hypo Real, o que não causou nenhuma surpresa uma vez que ele já recebeu dinheiro do governo e está sendo nacionalizado.
A Espanha foi o país com o maior número de instituições com problemas, cinco (Diada, Espiga, Banca Cívica, Unnim e Cajasur). Mas foi o único país a colocar quase todo o seu sistema financeiro sob escrutínio.
Miguel Ángel Fernández Ordóñez, presidente do Banco Central Espanhol, afirmou que a maioria das "cajas" (casas de poupança) já está num processo de abrir seu capital para investidores.
Dos seis bancos gregos testados, só o ATEbank falhou. "O sistema bancário grego provou que pode resistir a condições extremas", disse George Papaconstantinou, ministro das Finanças.

MERCADO
O resultado dos testes foi divulgado depois do fechamento dos mercados na Europa. Nos EUA, ações de bancos subiam no final do dia. Assim como o euro, que se valorizou ante o dólar.
É improvável que ocorra uma corrida aos caixas. O mais importante é saber se vai voltar a confiança entre os próprios bancos e se o empréstimo entre eles retomará os níveis normais.
Esses empréstimos ficaram quase congelados desde maio, com a crise grega.
Um dado que os investidores pediam e não foi divulgado é quanto cada banco tem de títulos públicos, em especial de países com sérios problemas de dívidas, como Grécia, Irlanda e Portugal.
Essa revelação, sim, poderia acalmar os investidores ou, ao contrário, deixá-los mais nervosos.


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