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commodities
Oferta de gado orgânico duplicará em um ano, estimam produtores
Previsão é aumentar de 400 para mil cabeças a capacidade de oferta de gado sem agrotóxico
Mas capacidade maior poderá não significar mais carne no mercado; demanda depende da economia europeia
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Com 16 fazendas e quase
50 mil animais no pasto, produtores certificados de gado
"orgânico" de Mato Grosso
do Sul preveem duplicar em
menos de um ano a atual capacidade de oferta para a indústria, passando de 400 para mil cabeças mensais.
A produção atual, certificada pelo IBD (Instituto de
Certificação Biodinâmico), é
abatida integralmente pela
rede JBS-Friboi, que paga de
10% a 18% a mais, em média,
aos pecuaristas.
Para serem considerados
orgânicos, os animais têm de
ser criados em pastagens
isentas de agrotóxicos e não
podem receber suplementação química nem medicamentos convencionais.
A certificação exige também controles sanitários rígidos e atendimento às leis ambientais e trabalhistas nas
propriedades.
Em Mato Grosso do Sul,
dez fazendas já concluíram o
processo e outras seis estão
em fase de certificação. O aumento da capacidade de
oferta, entretanto, pode não
resultar em mais carne no
mercado.
"Por se tratar de um nicho,
nossa expansão neste mercado está muito vinculada à
existência da demanda", diz
Leonardo Leite de Barros,
presidente da ABPO (Associação Brasileira da Pecuária
Orgânica), entidade que reúne os produtores de Mato
Grosso do Sul.
Segundo ele, a possibilidade de aumento na demanda
depende do comportamento
da economia europeia.
"Se a crise se amenizar,
provavelmente começaremos a embarcar carne orgânica para o mercado europeu
ainda em 2010", diz.
As dez fazendas certificadas em Mato Grosso do Sul
cumprem as exigências da
União Europeia para carne
orgânica, mas só três possuem o registro no Sisbov
(sistema de rastreamento de
bois do Ministério da Agricultura), outro requisito para as
exportações.
"As três propriedades concentram 89% dos animais
encaminhados ao abate",
afirma Barros. Outra possibilidade é o envio de carne orgânica processada para os
Estados Unidos.
MATO GROSSO
Em Mato Grosso, a produção de gado orgânico está
concentrada na região de
Tangará da Serra (230 km de
Cuiabá) e também é abatida
pela rede JBS-Friboi. São dez
propriedades e mais de 60
mil cabeças.
Os produtores locais, vinculados à Aspranor (Associação Brasileira de Produtores
de Animais Orgânicos ), também falam com cautela sobre
as perspectivas do mercado.
"Ficamos dois anos sem
vender para a Europa [devido ao embargo decretado em
janeiro de 2008 à carne "in
natura" brasileira] e o mercado externo sumiu", afirma
Henrique Balbino, presidente da Aspranor.
"Há perspectivas boas,
mas somos dependentes de
uma demanda concreta."
A reportagem procurou a
assessoria da JBS-Friboi. Até
a conclusão desta edição, a
empresa não se manifestou.
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