São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010

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Bancos brasileiros ficam mais resistentes

Indicador de solidez, capital próprio de Itaú, Bradesco, BB e CEF cresce 3 vezes mais que o dos 30 maiores bancos do mundo

Combinação de real forte, lucros altos e regras especiais do BC na crise contribui para o desempenho


ÉRICA FRAGA
SÃO PAULO

Importante indicador de solidez, o capital próprio de Itaú, Bradesco, BB (Banco do Brasil) e CEF (Caixa Econômica Federal) aumentou em média 68% em 2009.
Esse crescimento foi mais do que três vezes superior à expansão média de 14,5% dos 30 maiores bancos do mundo ordenados pelo valor de seu capital próprio.
O capital próprio (que é principalmente o dinheiro dos acionistas de um banco) é uma medida da capacidade de uma instituição financeira de realizar empréstimos e resistir a choques.
Os dados que revelam o forte aumento do capital próprio dos bancos brasileiros são da revista britânica "The Banker", respeitada fonte de dados do setor bancário.
A "Banker" publica anualmente um ranking dos 5,000 maiores bancos do mundo, de acordo com o valor de seu capital próprio (também conhecido como "capital de nível um").
Segundo o último ranking, que compara dados de dezembro de 2009 com o fim de 2008, o Banco do Brasil foi a instituição brasileira que teve o maior aumento de seu capital próprio (76,7%).
O banco deu um salto expressivo em sua colocação, passando do 93º para o 45º lugar, com capital próprio de US$ 23,6 bilhões.
A CEF passou do 179º para o 114º posto. O Bradesco, do 45º para o 40º lugar.
E o Itaú, que já era o banco brasileiro mais bem colocado, ficou estável na 33ª posição, com US$ 33,2 bilhões.

REAL FORTE AJUDOU
A combinação de real forte, lucros altos e regras especiais do Banco Central durante a crise global contribuiu para o desempenho dos bancos brasileiros.
O real esteve entre as moedas que mais se valorizaram no ano passado, com alta de 26% entre o fim de 2008 e de 2009. Isso explicou em boa medida o forte crescimento do capital próprio dos bancos brasileiros em dólares.
Mas, mesmo descontando a valorização da moeda, segundo cálculos da Folha, o aumento médio do capital próprio dos quatro bancos brasileiros ainda foi elevado, próximo a 25%.
Percentual ainda bem acima da alta mediana (média que desconta variações bruscas) de 14,5% do capital próprio dos 30 bancos mais bem colocados para os quais havia dados disponíveis.

LUCROS ALTOS
Segundo Domingos Figueiredo de Abreu, vice-presidente do Bradesco, descontado o efeito da valorização do real, o aumento do capital próprio do banco em 2009 é explicado principalmente pela transformação de parte do lucro em capital.
A parcela do lucro que não é distribuída aos acionistas vira capita próprio.
"Os bons resultados dos bancos brasileiros mesmo durante a crise contribuíram para o aumento significativo do capital próprio", diz Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating.
Segundo informações dadas por Bradesco, CEF e BB à Folha, o Banco Central permitiu aos bancos em 2009, devido à crise global, considerar provisões adicionais contra calote como capital próprio, contribuindo -ainda que não significativamente- para o aumento do indicador. Essa resolução expirou em abril deste ano.
As aquisições do IBI pelo Bradesco e da Nossa Caixa e do Banco Votorantim pelo BB também tiveram impacto positivo modesto no aumento de capital próprio dos bancos em 2009.
Procurado pela Folha, o Itaú Unibanco não concedeu entrevista.


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