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Bancos brasileiros ficam mais resistentes
Indicador de solidez, capital próprio de Itaú, Bradesco, BB e CEF cresce 3 vezes mais que o dos 30 maiores bancos do mundo
Combinação de real forte, lucros altos e regras especiais do
BC na crise contribui
para o desempenho
ÉRICA FRAGA
SÃO PAULO
Importante indicador de
solidez, o capital próprio de
Itaú, Bradesco, BB (Banco do
Brasil) e CEF (Caixa Econômica Federal) aumentou em
média 68% em 2009.
Esse crescimento foi mais
do que três vezes superior à
expansão média de 14,5%
dos 30 maiores bancos do
mundo ordenados pelo valor
de seu capital próprio.
O capital próprio (que é
principalmente o dinheiro
dos acionistas de um banco)
é uma medida da capacidade
de uma instituição financeira
de realizar empréstimos e resistir a choques.
Os dados que revelam o
forte aumento do capital próprio dos bancos brasileiros
são da revista britânica "The
Banker", respeitada fonte de
dados do setor bancário.
A "Banker" publica anualmente um ranking dos 5,000
maiores bancos do mundo,
de acordo com o valor de seu
capital próprio (também conhecido como "capital de nível um").
Segundo o último ranking,
que compara dados de dezembro de 2009 com o fim de
2008, o Banco do Brasil foi a
instituição brasileira que teve o maior aumento de seu
capital próprio (76,7%).
O banco deu um salto expressivo em sua colocação,
passando do 93º para o 45º
lugar, com capital próprio de
US$ 23,6 bilhões.
A CEF passou do 179º para
o 114º posto. O Bradesco, do
45º para o 40º lugar.
E o Itaú, que já era o banco
brasileiro mais bem colocado, ficou estável na 33ª posição, com US$ 33,2 bilhões.
REAL FORTE AJUDOU
A combinação de real forte, lucros altos e regras especiais do Banco Central durante a crise global contribuiu
para o desempenho dos bancos brasileiros.
O real esteve entre as moedas que mais se valorizaram
no ano passado, com alta de
26% entre o fim de 2008 e de
2009. Isso explicou em boa
medida o forte crescimento
do capital próprio dos bancos brasileiros em dólares.
Mas, mesmo descontando
a valorização da moeda, segundo cálculos da Folha, o
aumento médio do capital
próprio dos quatro bancos
brasileiros ainda foi elevado,
próximo a 25%.
Percentual ainda bem acima da alta mediana (média
que desconta variações bruscas) de 14,5% do capital próprio dos 30 bancos mais bem
colocados para os quais havia dados disponíveis.
LUCROS ALTOS
Segundo Domingos Figueiredo de Abreu, vice-presidente do Bradesco, descontado o efeito da valorização
do real, o aumento do capital
próprio do banco em 2009 é
explicado principalmente
pela transformação de parte
do lucro em capital.
A parcela do lucro que não
é distribuída aos acionistas
vira capita próprio.
"Os bons resultados dos
bancos brasileiros mesmo
durante a crise contribuíram
para o aumento significativo
do capital próprio", diz Erivelto Rodrigues, presidente
da Austin Rating.
Segundo informações dadas por Bradesco, CEF e BB à
Folha, o Banco Central permitiu aos bancos em 2009,
devido à crise global, considerar provisões adicionais
contra calote como capital
próprio, contribuindo -ainda que não significativamente- para o aumento do indicador. Essa resolução expirou em abril deste ano.
As aquisições do IBI pelo
Bradesco e da Nossa Caixa e
do Banco Votorantim pelo
BB também tiveram impacto
positivo modesto no aumento de capital próprio dos
bancos em 2009.
Procurado pela Folha, o
Itaú Unibanco não concedeu
entrevista.
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