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Bancos ainda emprestam pouco no país
Folga em índice de solvência mostra que instituições financeiras têm potencial para elevar carteira de crédito
Para economista, embora sólido e estável, sistema bancário
ainda é relativamente
ineficiente no país
SÃO PAULO
Comparações de indicadores internacionais confirmam a solidez do sistema
bancário brasileiro, mas revelam que as instituições financeiras nacionais poderiam emprestar mais.
O fato de grandes bancos
brasileiros se destacarem entre as instituições do mundo
com maior nível de capital
próprio é um importante indicador da fortaleza.
Essa característica já havia
sido constatada por outras
pesquisas internacionais. O
último relatório de competitividade global do Fórum Econômico Mundial mostra, por
exemplo, que, no quesito
"solidez do sistema bancário", o Brasil aparece em décimo lugar (entre 133 países).
Por outro lado, diz Roberto
Troster, sócio da S/A M e ex-economista-chefe da Febraban, embora sólido e estável,
o sistema bancário do país
ainda é relativamente ineficiente: "O sistema brasileiro
é sólido, tem uma rentabilidade alta, mas seu nível de
alavancagem ainda é baixo".
Quanto mais elevado o capital próprio de um banco,
maior sua capacidade de emprestar recursos e fazer outras operações no mercado financeiro. É da natureza dos
bancos trabalharem alavancados, ou seja, emprestar e
"apostar" muito mais recursos do que possuem.
Mas essa capacidade de
alavancagem é regulada pelas autoridades do setor e
medida pelo chamado índice
de Basileia (que determina a
quantidade mínima de capital total que um banco precisa ter em relação ao seu ativo
para que seu risco de solvência seja aceitável).
SEGURANÇA
O BC brasileiro estabelece
um nível de Basileia mínimo
de 11% (a norma internacional é de 8%). Mas, segundo
dados do BC, os 20 maiores
bancos brasileiros (ordenados pelo valor de seus ativos)
tinham, em média, um índice
superior a 17% em março.
Segundo a "Banker", os 20
maiores bancos do mundo
(segundo o valor de seu capital próprio) tinham índice de
Basileia médio próximo de
14% no fim de 2009.
A folga exibida pelos bancos brasileiros (tanto em relação à regra do BC quanto em
comparação às instituições
de fora) indica, segundo
Troster, que eles ainda têm
potencial para elevar sua carteira de empréstimos apesar
do forte crescimento do crédito nos últimos anos.
"SPREADS" ALTOS
Parte do problema continuam sendo os altos
"spreads" (diferença entre as
taxas de juros de captação e
empréstimo dos bancos). Segundo o World Economic Forum, no quesito "spread"
bancário, o Brasil aparece em
128º lugar (entre 133 países).
Segundo Troster, o
"spread" elevado continua
sendo uma das importantes
barreiras à expansão do crédito no Brasil.
(ÉRICA FRAGA)
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