|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com lucros e contratações, gigantes de Detroit já se recuperam
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Com lucros nos primeiros
trimestres do ano e até novas
contratações, a indústria automobilística americana parece ter entrado em uma espiral positiva, inflando otimismos de analistas e executivos
quanto ao futuro das montadoras Ford, GM e Chrysler.
Principalmente por causa
dos severos cortes a que se
submeteram, os resultados
positivos das três gigantes no
primeiro trimestre foram
comparados pelo presidente
Barack Obama a um cenário
que não se via desde 2004.
A Ford, a mais saudável,
teve lucro líquido de US$ 2,6
bilhões no segundo trimestre
do ano. A GM, de US$ 1,5 bilhão. A Chrysler, apesar de
manter o pior desempenho,
também viu melhorias: com
alta de 22% nas vendas, as
perdas do segundo trimestre
(US$ 172 milhões) foram menores do que no primeiro.
As três já deram início a
contratações -ainda que em
número muito baixo, se comparado às mais de 350 mil vagas cortadas durante a crise.
A Chrysler, por exemplo, que
cortou mais da metade da
força de trabalho desde 2005,
contratou 3.100 neste ano.
Para chegar a esse cenário,
além dos US$ 85 bilhões em
fundos federais para GM e
Chrysler, as três tiveram de se
tornar muito mais enxutas.
Lideradas por Chrysler e
GM, que pediram concordata
em 2009 e passaram por restruturação, fábricas inteiras
foram fechadas, marcas vendidas ou desmanteladas e
postos permanentemente
varridos do mapa.
"CAMINHO CORRETO"
"As montadoras estão no
caminho correto. Cortaram
custos significativamente
com concessões obtidas dos
funcionários, e as dívidas
com credores foram enormemente reduzidas", disse à
Folha Gary Burtless, analista do Instituto Brookings.
Após anos de vendas acima dos 16 milhões por ano, a
indústria caiu no ano passado para 10,4 milhões, a pior
cifra desde 1982. Nos níveis
atuais, devem chegar a 12
milhões neste ano -as três
deverão ter fatia de 46%.
"As três estão agora em tamanho adequado à fatia de
mercado que ocupam", afirmou Bruce Belzowski, pesquisador da Universidade de
Michigan. "Se a fatia aumentar, terão de aumentar a produção, mas não vejo isso
ocorrendo no curto prazo."
Para ele, ainda não dá para dizer se o que foi feito é suficiente; "o mercado vai depender do futuro da economia dos EUA e da Europa",
disse. "Veremos qual será o
apetite do consumidor."
Texto Anterior: Pé no acelerador Próximo Texto: Commodities Vale negocia com Potash, diz agência Índice
|