São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010

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Com lucros e contratações, gigantes de Detroit já se recuperam

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Com lucros nos primeiros trimestres do ano e até novas contratações, a indústria automobilística americana parece ter entrado em uma espiral positiva, inflando otimismos de analistas e executivos quanto ao futuro das montadoras Ford, GM e Chrysler.
Principalmente por causa dos severos cortes a que se submeteram, os resultados positivos das três gigantes no primeiro trimestre foram comparados pelo presidente Barack Obama a um cenário que não se via desde 2004.
A Ford, a mais saudável, teve lucro líquido de US$ 2,6 bilhões no segundo trimestre do ano. A GM, de US$ 1,5 bilhão. A Chrysler, apesar de manter o pior desempenho, também viu melhorias: com alta de 22% nas vendas, as perdas do segundo trimestre (US$ 172 milhões) foram menores do que no primeiro.
As três já deram início a contratações -ainda que em número muito baixo, se comparado às mais de 350 mil vagas cortadas durante a crise. A Chrysler, por exemplo, que cortou mais da metade da força de trabalho desde 2005, contratou 3.100 neste ano.
Para chegar a esse cenário, além dos US$ 85 bilhões em fundos federais para GM e Chrysler, as três tiveram de se tornar muito mais enxutas.
Lideradas por Chrysler e GM, que pediram concordata em 2009 e passaram por restruturação, fábricas inteiras foram fechadas, marcas vendidas ou desmanteladas e postos permanentemente varridos do mapa.

"CAMINHO CORRETO"
"As montadoras estão no caminho correto. Cortaram custos significativamente com concessões obtidas dos funcionários, e as dívidas com credores foram enormemente reduzidas", disse à Folha Gary Burtless, analista do Instituto Brookings.
Após anos de vendas acima dos 16 milhões por ano, a indústria caiu no ano passado para 10,4 milhões, a pior cifra desde 1982. Nos níveis atuais, devem chegar a 12 milhões neste ano -as três deverão ter fatia de 46%.
"As três estão agora em tamanho adequado à fatia de mercado que ocupam", afirmou Bruce Belzowski, pesquisador da Universidade de Michigan. "Se a fatia aumentar, terão de aumentar a produção, mas não vejo isso ocorrendo no curto prazo."
Para ele, ainda não dá para dizer se o que foi feito é suficiente; "o mercado vai depender do futuro da economia dos EUA e da Europa", disse. "Veremos qual será o apetite do consumidor."


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