São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Cresce exportação de carro desmontado

Participação desses veículos nas vendas externas passou de 23,7%, em 2008, para 36,3% neste ano até setembro

Exportação de veículos retoma nível pré-crise em quantidade, mas não em valor, pois o produto é mais barato

TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO

O Brasil retomou o nível pré-crise na exportação de automóveis e comerciais leves em quantidade, mas, com uma maior participação dos carros desmontados, que têm menor valor agregado, ainda não atingiu o mesmo patamar em valor.
A fatia dos CKDs ("complete knock-down"), que consistem em um kit com as peças para a montagem do veículo no país de destino, passou de 23,7% em 2008 para 36,3% neste ano.
No acumulado de janeiro a setembro, 542,3 mil unidades foram vendidas para o mercado externo, superando em 2,3% o montante do mesmo intervalo no ano do agravamento da crise internacional. Em valor (US$ 3,84 bilhões), ainda há queda, de 13,4%.
"O melhor é crescer com montados, sem dúvida nenhuma. Quando exportamos veículos montados, estamos colocando conteúdo, agregando o trabalho completo", avalia o presidente da Anfavea (associação das montadoras), Cledorvino Belini.
O executivo destacou ainda que as exportações de veículos já prontos, o que engloba ainda caminhões e ônibus, representavam 30% da produção em 2005, patamar que caiu para 14% nos nove primeiros meses deste ano.
Segundo a entidade, as vendas de CKD em 2010 se concentram na África do Sul, principalmente em carros enviados pela Volkswagen.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a montadora disse que está "observando um movimento de retomada dos principais mercados mundiais de exportação, como é o caso específico da África do Sul" e que, neste ano, "aumentará seu volume de exportações também em veículos montados".
Com esse impulso, a participação do país nas exportações totais saltou de 9,8% em 2008 para 25% neste ano.
Outra grande parte de desmontados vai para a Argentina, que, junto com o México, tem isenção no Imposto de Importação -em ambos os lados- devido a um acordo.
"O risco futuro é que o CKD se transforme em nada", afirma Marcelo Cioffi, sócio da PricewaterhouseCoopers, referindo-se à possibilidade de que os veículos comecem a ser produzidos já no destino. Uma das variáveis da equação é o custo da mão de obra local para esse trabalho.
O analista destaca, no entanto, que o relacionamento e a qualidade dos fornecedores também pesam nessa conta. "Para a montadora, faz sentido o que for agregar mais valor para o acionista."
O novo mapa das exportações mostra ainda a redução na participação de países europeus, como Alemanha, Itália e França, mercados considerados já maduros pelo setor automotivo (veja quadro).
Euler Ervilha, gerente de exportações da Fiat América Latina, aponta dois gargalos para as montadoras instaladas no país: a valorização do real e os custos de logística.
"Em alguns casos, o mesmo produto fabricado na Europa ou na Argentina consegue chegar ao Chile ou à Colômbia com preços mais competitivos do que o produzido no Brasil", exemplifica.


Texto Anterior: Serasa faz campanha para inadimplentes
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.