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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS
Volatilidade marcará o mercado de petróleo no médio prazo
WALTER DE VITTO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Prever a trajetória do preço
de commodities e, em particular a do petróleo, não é
uma tarefa trivial.
Como são negociados em
mercados globalizados, o
processo de formação de preços desses produtos sofre a
influência de uma série de fatores, que, muitas vezes, extrapolam os fundamentos de
oferta e de demanda.
Uma dessas variáveis é a
relação entre a cotação das
commodities e o valor do dólar relativamente a outras
moedas. No caso específico
do mercado de petróleo, há
ainda aspectos de baixa previsibilidade e forte impacto,
como medidas da Opep e os
fatores geopolíticos.
A lógica que tem dominado o mercado de petróleo
desde a crise econômica está
fortemente associada à percepção de risco.
Em momentos de menor
incerteza e maior otimismo,
os investidores se mostram
menos avessos ao risco e alocam recursos em ativos mais
arriscados.
Nessas ocasiões, dois fatores tendem a elevar os preços
do petróleo, assim como o de
outras commodities e ativos
financeiros: o aumento da
demanda pelos contratos/
papéis e a queda do dólar.
Por outro lado, em momentos de maior incerteza,
tem início um processo de
venda de papéis e de contratos mais arriscados e os investidores migram recursos
para mercados ou ativos tidos como mais seguros, que,
em geral, são denominados
em dólar,o que propicia a valorização da moeda.
É essa dinâmica que tem
feito os preços do petróleo e o
das Bolsas de Valores caminharem na mesma direção
desde o advento da crise.
A evolução das cotações
do petróleo observada nas
últimas semanas ilustra bem
a dinâmica que tem dominado o mercado desde meados
de 2009.
Entre 24 de agosto e 10 deste mês, o barril do tipo brent
registrou alta de 24%. O aumento foi motivado pela melhora na percepção do cenário econômico dos principais
países europeus, que têm se
beneficiado da trajetória de
desvalorização do euro diante das demais moedas observada desde o final do ano
passado, fato que tem ampliado as exportações dos
países da região.
No início deste mês, o
anúncio de que o Fed comprará US$ 600 bilhões em títulos do Tesouro americano
até junho de 2011 gerou pressões extras de alta para a
commodity, motivadas pela
perspectiva de que o dólar
pudesse permanecer em patamar mais desvalorizado.
Desde então, o aumento
da percepção de risco associada aos desdobramentos
da crise da dívida na Irlanda,
em Portugal e na Grécia ensejou um novo ciclo de busca
por ativos menos arriscados,
o que provocou a queda nas
cotações do barril.
Entre 10 e 22 deste mês, o
preço do brent recuou 6,1%.
Essa dinâmica, de ciclos de
alta seguidos de baixas, ainda deve perdurar por algum
tempo, até que o cenário da
economia mundial se mostre
mais claro e outros fatores
passem a dominar o mercado
de petróleo.
WALTER DE VITTO é mestre em economia e
analista do setor de energia da Tendências
Consultoria Integrada.
Internet: www.tendencias.com.br
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