São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2011 |
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ANÁLISE COMBUSTÍVEIS Os desafios para o crescimento do etanol JOSÉ CARLOS GRUBISICH ESPECIAL PARA A FOLHA Depois de dobrar de tamanho em menos de uma década, o setor de bioenergia brasileiro tem perspectivas para os próximos anos que dividem opiniões e geram muitas expectativas. A safra que começa em abril de 2011 evidenciará os benefícios das consolidações e investimentos ocorridos em 2010, mas trará também os desafios que o setor precisa superar para atender o crescimento consistente da demanda no curto, no médio e no longo prazos. Desde 2009, o etanol é mais consumido que a gasolina nos carros flex brasileiros, consumo que deve ser impulsionado pelas motos flex, lançadas em 2010. Mas na última safra notou-se, pelo segundo ano consecutivo, um forte equilíbrio entre oferta e demanda pelo biocombustível, gerando preocupações em relação ao abastecimento ao longo da entressafra e aumento de preço para o consumo regular nesse período. Estima-se que o consumo de etanol no mercado doméstico brasileiro deva dobrar até o fim da década, ultrapassando os 60 bilhões de litros. O setor de bioenergia também precisará responder aos sinais positivos dos mercados internacionais. A busca por fontes limpas de energia abrirá mercados e o Brasil deve liderar a internacionalização da produção. Só nos Estados Unidos, o mandado federal do Padrão de Combustível Renovável (RFS-2) garante, até o final desta década, demanda anual de 80 bilhões de litros de combustíveis avançados, como o etanol brasileiro. Os recentes movimentos de consolidação são importantes para o setor, melhoram a competitividade e o potencial de rentabilidade, mas não trarão soluções no que diz respeito ao aumento de produção. É necessária a criação de um novo programa de investimentos para elevar rapidamente a capacidade produtiva brasileira. Isso ocorrerá por meio da expansão da área plantada -o plantio de cana-de-açúcar ocupa apenas 1,5% das terras aráveis do país atualmente- e da implantação de novas unidades agroindustriais mais competitivas e sustentáveis, que reúnam escala e tecnologia, além do processo contínuo de expansão e modernização das unidades existentes. Os investimentos para acompanhar o aumento da demanda estão na ordem de US$ 50 bilhões. É importante a definição de uma política de longo prazo que assegure o adequado retorno sobre o capital investido, maior visibilidade sobre a definição de preços dos combustíveis líquidos no Brasil e o aumento da competitividade dos custos de produção do etanol. As perspectivas futuras do setor são positivas. O crescimento da demanda e as mudanças em andamento no modelo de negócios do setor exigirão mais dinamismo e capacidade de gestão. Será necessário um grande volume de recursos e a mobilização dos agentes envolvidos para que a expansão da capacidade produtiva ocorra de forma acelerada. Só assim o Brasil não perderá as oportunidades que se abriram a partir da consolidação do etanol como alternativa mais viável à matriz energética mundial. JOSÉ CARLOS GRUBISICH é presidente da ETH Bioenergia. Texto Anterior: Commodities: Percentual de álcool na gasolina deve ter redução Próximo Texto: Vaivém - Mauro Zafalon: Italianos apostam no agronegócio brasileiro Índice | Comunicar Erros |
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