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O TEMA É SOJA
Excesso de produção exige atenção na próxima safra
FERNANDO MURARO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A safra 2010/1 começa com
uma má notícia: os EUA,
maiores produtores mundiais de soja, estão plantando área recorde e reforçando
o que chamamos de transição do mercado de demanda
para o de oferta, com efeito
negativo sobre as cotações.
O Usda estima 31,6 milhões de hectares, mas não
causará espanto se a extensão for ainda maior. Com produtividade normal, o país colherá algo entre 90 milhões e
91 milhões de toneladas.
Isso não seria problema se
estivessem em jogo somente
os estoques norte-americanos, que estão entre os mais
baixos já registrados.
O complicador é que a possível supersafra será colhida
logo após a América do Sul
despejar no mercado a produção recorde de 2009/10.
Com área maior e ajuda do
El Niño, os sul-americanos
colheram 133 milhões de toneladas, deixando para trás a
frustração de 2008/9.
Por conta da quebra pela
seca daquela safra, 2009 foi
melhor que o esperado para a
maioria dos produtores, pois
a combinação de Argentina
quase fora do mercado e China comprando mais do que
nunca inflou os preços.
Agora, porém, o quadro é
outro. Mesmo com estoques
baixos nos EUA, a recuperação sul-americana fez os estoques mundiais saltarem
48%, para 63,8 milhões.
Embora a China continue
importando com fôlego impressionante -e esse é um
dos fatores que mantêm a soja acima de US$ 9 por bushel
na Bolsa de Chicago-, quem
está no comando é a oferta.
Considerando-se somente
fundamentos, portanto, o cenário é de baixa. Isso pode
mudar nos próximos meses
se os EUA enfrentarem problemas climáticos ou se houver melhora no mercado financeiro, o que levaria os
fundos de investimento a recuperar o gosto pelo risco e a
retomar as apostas em commodities agrícolas.
FERNANDO MURARO JR. é engenheiro
agrônomo e analista de mercado da
AgRural Commodities Agrícolas
www.AgRural.com.br
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