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commodities
Sobra de aço chega a 23 milhões de toneladas, diz setor
Siderúrgicas estimam que a demanda de aço bruto no país será de 25,4 milhões de toneladas neste ano
Empresas usam dados para justificar a cautela em novos investimentos e apontam que a Vale adota outra tática
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
A sobra de aço bruto no
Brasil será de 23 milhões de
toneladas neste ano, segundo cálculo feito pelo IABr
(Instituto Aço Brasil) -sucessor do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia).
A capacidade instalada no
país em 2010 será de 48,5 milhões de toneladas, e o consumo interno, de 25,4 milhões de toneladas.
A solução é exportar o máximo possível para reduzir as
sobras. Mas o mundo padece
do mesmo problema. Os excedentes mundiais de aço
bruto são estimados em 600
milhões de toneladas.
O parque siderúrgico
mundial pode produzir até
1,4 bilhão de toneladas por
ano. E nesse universo o Brasil
é apenas uma gota.
O IABr estima que as exportações serão de aproximadamente 11 milhões de toneladas. Confirmada essa estimativa, o parque siderúrgico brasileiro fechará o ano
com ociosidade próxima a 12
milhões de toneladas.
O número revela que a forte demanda de aço no mercado interno entre janeiro e
maio ainda não resultou na
recuperação da produção do
setor aos níveis pré-crise.
Essa situação nutre um debate nos bastidores do setor.
A sobra de capacidade tem
sido usada como justificativa
do setor siderúrgico para a
cautela em avançar em novos investimentos a fim de
ampliar a produção de aço
bruto, como quer e está fazendo a Vale.
Segundo Marco Polo de
Mello Lopes, presidente-executivo do IABr, a lógica da
Vale não é a lógica das demais siderúrgicas.
"A Vale busca parceiros
para construir essas usinas.
Parceiros que vão processar
lá fora a placa produzida
aqui. Além disso, é uma forma de a mineradora ter cliente para fornecer minério",
afirma Lopes.
Ele explica que a lógica
das siderúrgicas brasileiras é
outra: atender o mercado interno. E, para isso, há abundância no abastecimento,
apesar de haver investimentos planejados.
Lopes lembra que o modelo da Vale foca na produção
básica de produtos siderúrgicos, etapa que o mundo desenvolvido tem jogado para
países em desenvolvimento,
como o Brasil. É, de outra
parte, a etapa mais poluente
da metalurgia pesada.
INVESTIMENTO
A carteira de investimentos do parque siderúrgico
brasileiro pode elevar a produção nacional a 77 milhões
de toneladas no meio da próxima década.
A Vale é a líder dessa ofensiva, com investimentos de
US$ 21 bilhões. Para Roger
Agnelli, o país é "o melhor lugar" para produzir aço.
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