São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

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Casado se prepara melhor para a velhice

Pesquisa diz que 45% das pessoas que vivem sozinhas e 20% dos casados podem 'quebrar' ao chegar aos 70 anos

Mesmo quando mantêm o dinheiro separado, os casados costumam prestar conta dos gastos e aplicações ao cônjuge

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Casar, manter uma casa e criar os filhos custa caro. Mas investir na relação pode valer a pena se o casamento chegar até a velhice. Uma pesquisa americana sustenta que a chance de um casal idoso ter problemas financeiros graves no final da vida é bem menor do que a de solteiros, divorciados e viúvos "quebrarem" aos 70 anos.
O estudo mostra que 45% das pessoas que vivem só correm sério risco de chegar à aposentadoria sem preparo financeiro para enfrentar o período de maior gasto com a saúde. E isso já contando que a pessoa reduzirá em 10% os gastos com consumo.
É mais do que o dobro dos 20% de casados que podem terminar a vida na miséria.
O trabalho foi feito pela Rand Corporation, uma ONG americana que faz estudos para detectar tendências e propor mudanças nas políticas públicas e privadas.
A ONG analisou a situação de pessoas de 66 a 69 anos e cruzou com dados de consumo e de serviços de saúde até 2008, antes da crise. Uma das hipóteses que explicariam por que os casais guardam mais dinheiro que os solteiros é que, dentro de um relacionamento, cada cônjuge se sente na obrigação de prestar conta dos gastos e de como investe o dinheiro que deixará aos filhos.
E isso vale até para casais com separação completa de bens e de conta bancária.

FREUD EXPLICA
Segundo a psicóloga Vera Rita de Mello Souza, autoridade brasileira em psicologia econômica, a psicanálise explica que as pessoas com habilidade para manter um relacionamento de longo prazo também costumam estar mais preparadas para achar seu espaço no mundo.
"Quem é capaz de amar, de se relacionar e de se vincular talvez tenha também mais chance de conseguir trabalhar, de ganhar dinheiro e de se organizar. Quem está sozinho pode refletir uma dificuldade maior de estar no mundo, inclusive de ganhar dinheiro e de se sustentar."
Autor do livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (Elsevier), Gustavo Cerbasi afirma que o mais importante nas finanças dos casais é o "autoconhecimento" da situação financeira e dos hábitos de cada um. "Quanto mais aberto for o jogo, quanto mais o casal conversar sobre sonhos pessoais e se conhecer melhor, mais fácil será conduzir a dois uma estratégia de investimento."
Mello Souza afirma que, "em uma família, quando todo mundo está envolvido numa poupança, é possível que se chegue a um valor mais alto. Economizar com um objetivo ajuda a poupar mais. Pode ser que pessoas sozinhas fiquem um pouco perdidas e se sintam sem identificação com o que almejar e para qual motivo lutar. Mas famílias também têm grande chance de se atrapalhar nas finanças porque acabam fazendo grandes sacrifícios pelos filhos. Também há muito conflito: um gasta e o outro guarda".
Os casais com filhos têm mais facilidade em compartilhar dinheiro. Já cônjuges que vieram de um casamento fracassado são menos dispostos a ter dinheiro comum.
A ONG também simulou diferentes cenários de corte nos gastos e no valor das aposentadorias para os idosos sobreviverem. Um corte de 30% nos benefícios seria uma tragédia para as pessoas que vivem sozinhas ""somente 43,8% se manteriam. Entre os casados, 72% ainda teriam uma situação financeira capaz de pagar as contas.
Mesmo com corte de 15% nas despesas, as pessoas que vivem sozinhas ainda teriam uma situação financeira pior do que as casadas que não mexeram nos gastos.


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