São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2011

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'Harvard do design' cria carro do futuro

Grandes companhias de várias áreas, incluindo tecnologia, garimpam novos talentos no californiano Art Center

Diploma na escola é atalho para salários astronômicos em empresas líderes

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
ENVIADA ESPECIAL A PASADENA (EUA)

Daqui a alguns anos, você vai conhecer o carro dos seus sonhos. Ele descerá como champanhe: leve e rápido.
Menos pesadão, vai perder aquele ronco barulhento. E a poluição sonora não será a única rebaixada: a promessa é de motores mais eficientes, movidos a eletricidade ou a energia solar.
Criar os futuros canapés da indústria automobilística, com preços que galgam as centenas de milhares de dólares, é a lição hoje discutida nas salas de aula do Art Center.
Um diploma de lá é atalho para uma vida de salários astronômicos nas maiores empresas do ramo.
Aberta 24 horas por dia, ao custo de US$ 16,5 mil por trimestre, a escola é uma "Harvard do design", instalada na encosta de uma colina em Pasadena, periferia endinheirada da Grande Los Angeles.
É no departamento de transportes que os cifrões circulam para valer. De lá saem os cérebros que desenham novos modelos para empresas como BMW, Toyota, Honda, General Motors e Chrysler.
Mas é vasta a oferta de cursos para os cerca de 1.700 alunos, 17% deles estrangeiros -predominam os orientais, em especial da Coreia do Sul. As opções de curso percorrem publicidade, entretenimento, design ambiental, design gráfico, fotografia e ilustração.
A Apple garimpa seus novos talentos na escola, e o curso de cinema gerou crias como Michael Bay ("Transformers") e Zack Snyder ("300").
Com alta densidade demográfica de geniozinhos, a competição nem sempre é levada na esportiva. A aproximação da repórter da Folha levantou desconfiança de alguns alunos, temerosos com a espionagem.
Cartazes colados em murais pedem materiais que sumiram na escola. "Pode ficar com o Mac, mas devolva as ideias dentro dele! Grato", lia-se num deles.

MADRUGADAS EM CLARO
Muitos ex-alunos à casa tornam, anos depois, como professores. É o caso de Stewart Reed, diretor do núcleo de transportes e designer com Hyundai e Ford entre seus clientes.
Em seu departamento, é comum ver estudantes varando a madrugada para construir protótipos de veículos ultramodernos. É essa frota que vai inspirar as novidades para a próxima década -o mercado demora para absorver os conceitos em linha industrial.
Reed prevê que, com as novas tecnologias, os carros serão mais leves e mais silenciosos. "Isso gera motores eficientes, com menos impacto em freios e em pneus."
Outra aposta é na direção autônoma e conectada à de outros veículos. Hora do rush e semáforos podem virar conceitos ultrapassados aos poucos, afirma Reed.
Seus alunos também aprendem que, "mesmo com essa economia, a demanda por customização é forte".
Uma lição que não passou batida pelo indonésio Musa Tjahjono, 24. Em seu currículo, o graduando do Art Center ostenta bolsas na Chrysler e na General Motors. Para ele, o diferencial de sua escola é ter, entre os professores, profissionais em altos postos da indústria. "Os estudantes recebem as mais recentes técnicas e tendências."
Isso e uma visão ampla, que não prende o pupilo numa única área de expertise. Tjahjono, por exemplo, é um designer versátil. Ele já idealizou uma limusine Buick "para o homem de negócio do mercado chinês".
Mas também projeta barcos, motos e pequenos aviões.
"O Art Center me deu ferramenta para desenhar qualquer coisa, de canetas a aviões." Entendeu ou quer que eles desenhem?

A jornalista ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER viajou a convite da Disney.


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