São Paulo, quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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Atraso do BC evita que Caixa pague rombo do PanAmericano

Responsabilidade solidária só é válida após a posse da estatal no conselho do banco privado

SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO

DE BRASÍLIA

A demora do Banco Central em aprovar a entrada da Caixa no controle do banco PanAmericano evitou que a estatal tivesse de arcar com parte do rombo de R$ 2,5 bilhões nas contas da instituição privada.
A presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, disse que enviou ao BC, em agosto, documentos para concluir a compra de 49% do PanAmericano.
O BC, no entanto, só aprovou a entrada da Caixa no conselho em novembro, depois de o Grupo Silvio Santos obter o empréstimo para sanear as contas da instituição.
Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, somente a partir do momento em que a Caixa tomou posse no conselho e na diretoria do PanAmericano é que o banco passou a ter responsabilidade solidária pelo negócio.
Desde julho, o BC sabia das "inconsistências" nos dados sobre vendas de carteiras de crédito, mas ainda não havia identificado qual instituição era responsável pelo problema.

AUDIÊNCIA PÚBLICA
Maria Fernanda e Meirelles participaram ontem de audiência pública no Senado. A presidente da Caixa disse ter seguido todas as obrigações legais para verificar se o PanAmericano não tinha problemas.
Afirmou também que espera uma resposta das auditorias contratadas para saber se houve omissão por parte dessas empresas.
Ela negou que a Caixa tenha tido prejuízo por ter comprado o banco quando suas ações valiam o dobro da cotação atual. "A Caixa não comprou como um especulador. Ela comprou como um planejamento estratégico e avalia que isso vai trazer o retorno esperado", afirmou.
Meirelles disse que ainda é cedo para saber quem falhou e para avaliar se é preciso mudar a forma como o BC fiscaliza os bancos.
Completou, no entanto, que o governo não pode arcar com os custos de uma grande equipe de auditoria e com os riscos de se responsabilizar por dados divulgados pelo setor privado.
"O que custaria aos cofres públicos evitar que o controlador do banco tivesse prejuízo? E qual a viabilidade técnica de uma supergalática auditoria, com o BC auditando todas as instituições financeiras do país?"


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