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ANÁLISE PETRÓLEO
Viabilidade de novas jazidas depende dos preços futuros
THAÍS MARZOLA ZARA
ESPECIAL PARA A FOLHA
A teoria econômica diz que
a determinação dos preços,
num mercado livre, se dá pela intersecção da oferta e da
demanda.
Considerando o mercado
de um bem cuja oferta é limitada por ser não renovável,
como é o caso do petróleo, se
esperaria que os preços subissem ao longo do tempo,
conforme sua oferta, limitada pelas reservas existentes,
fosse sendo reduzida.
Entretanto, observando a
série histórica de preços dos
últimos 30 anos, esse não é o
quadro encontrado -ao contrário, em grande parte do
período analisado houve tendência de queda.
Com tal alarde sobre o papel futuro do Brasil enquanto
produtor de petróleo, a análise histórica dos preços se faz
muito relevante.
Durante o início da década
de 80, os preços do petróleo
caíram continuamente, com
redução mais forte em 1986.
Tal movimento foi resultado da entrada de mais ofertantes no mercado, incentivados pelos maiores preços
decorrentes da restrição da
oferta pela Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo) nos anos 70.
Apesar de as reservas de
petróleo serem limitadas, o
preço maior tornou lucrativa
a busca por outras reservas e
viabilizou a extração em poços de maior custo.
Além disso, alguns membros do cartel do petróleo se
sentiram tentados a burlar as
restrições e a produzir um
pouco mais.
No início da década de 90,
com a Guerra do Iraque, houve aumento pontual dos preços, logo em seguida voltando à trajetória de leve queda.
O ponto mínimo dos preços ocorreu em dezembro de
1998 -desde então, os preços começaram a aumentar,
alcançando o pico em setembro de 2008.
O que impulsionou de forma expressiva os preços entre 2004 e 2008 foi o pujante
crescimento econômico
mundial, com especial participação da China, que inflou
a demanda por todas as commodities, inclusive as de
energia.
Com a crise no final de
2008, os preços caíram, voltando à tendência anterior de
alta já em fevereiro de 2009.
Assim como nos anos 70,
agora o preço mais alto incentivou as pesquisas e novas descobertas foram feitas
-o principal exemplo, e
mais próximo, é o do petróleo da camada pré-sal.
Contudo, seus custos de
extração são bastante elevados -devido à grande profundidade-, de forma que a
viabilização econômica da
exploração dessas jazidas
dependerá, em grande medida, dos preços no futuro.
Diante de um crescimento
mundial no mínimo bem
mais moderado nos próximos anos, as incertezas
quanto aos preços e à obtenção de recursos para investimentos na exploração do
pré-sal aumentam.
Em suma: devagar com o
andor, que o santo é de barro.
THAÍS MARZOLA ZARA é economista-chefe
da Rosenberg Consultores Associados e
mestre em economia pela USP.
www.rosenberg.com.br
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