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commodities
Adidos agrícolas vão "vender" o Brasil
Meta é ampliar exportação de carnes a países que ainda não confiam na qualidade e sanidade do produto nacional
Mercado ao qual o Brasil não tem acesso, por causa, principalmente, de barreiras sanitárias, é de US$ 19,2 bilhões
SOFIA FERNANDES
DE BRASÍLIA
O governo brasileiro enviou neste mês a primeira
turma de adidos agrícolas a
oito embaixadas, com o objetivo primordial de ampliar o
volume de exportação de carnes a países ainda reticentes
quanto à qualidade e à saúde
do produto brasileiro.
Segundo estimativa do Ministério da Agricultura, há
um mercado de US$ 19,2 bilhões ao qual o Brasil não
tem acesso, por causa, principalmente, de barreiras sanitárias.
O maior importador individual de produtos agropecuários brasileiros, a China, ganhará um adido que é filho
de chineses e tem fluência
em mandarim -ele é o mais
novo da turma, com 31 anos.
Em Bruxelas (Bélgica), o
enviado cuidará das negociações com países da União Europeia, atualmente o principal destino das exportações
do agronegócio brasileiro.
Haverá ainda adidos em
Genebra (Suíça), por sediar
órgãos como a OMC (Organização Mundial do Comércio),
na Argentina, na Rússia, na
África do Sul, nos Estados
Unidos e, o mais estratégico
deles, no Japão.
O funcionário sediado em
Tóquio assume a missão de
amaciar as negociações com
o maior mercado comprador
de carne e também o mais fechado ao produto brasileiro.
DESAFIO
O Japão, que importa mais
da metade de todo alimento
que consome, reconhece
apenas a carne de Santa Catarina como livre da febre aftosa, mas mesmo assim não
compra o produto bovino
nem o suíno proveniente de
qualquer região do Brasil.
Em 2008, o Japão importou US$ 6,3 bilhões de carnes
de outros países, um nicho
que enche os olhos do governo brasileiro.
Com as barreiras à carne, o
Brasil é responsável por magros 9% dos US$ 22 bilhões
anuais gastos pelo Japão em
importação de produtos
agropecuários. Na União Europeia, o Brasil tem 37% de
presença na pauta de importações, e na China, 24%.
"Acho que esse é um desafio que justifica um movimento muito grande de autoridades brasileiras a esses lugares", afirmou Célio Porto,
secretário de Relações Internacionais do Ministério da
Agricultura, sobre a meta
brasileira de incrementar a
venda da carne "in natura".
Os adidos trabalharão ao
lado dos diplomatas com um
conhecimento mais especializado, já que parte das negociações tem esbarrado em
termos técnicos, diz Porto.
Os oito adidos, entre eles
uma mulher, a da Argentina,
foram escolhidos após seleção com 195 funcionários do
Ministério da Agricultura e
órgãos vinculados.
Cada missão vai durar, pelo menos, dois anos, prorrogáveis por mais dois. Segundo Porto, após a primeira etapa da missão agrícola, é possível que o Brasil envie adidos a outros postos.
Os países mais visados são
México e Coreia do Sul, também bloqueados à carne suína e bovina brasileira, Índia e
Oriente Médio. O México é o
principal foco para o futuro,
já que importa US$ 2,2 bilhões em carnes por ano.
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