São Paulo, segunda-feira, 26 de julho de 2010

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Múltis investem pouco em inovação no país

Estudo mostra otimismo de executivos com o Brasil, mas ressalta falhas em educação

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

A atração de empresas multinacionais para o Brasil ainda não se traduziu em ganhos de inovação tecnológica significativos para o país.
Segundo pesquisa inédita feita pela consultoria Economist Intelligence Unit (EIU) a pedido do HSBC, 67,4% das empresas estrangeiras entrevistadas afirmaram que somente algo entre zero e 10% dos produtos e serviços que comercializam no Brasil foram desenvolvidos localmente nos últimos três anos.
Mesmo entre as empresas brasileiras, 19% deram a mesma resposta. Apenas 35% afirmaram que mais de 90% dos produtos e serviços vendidos localmente foram concebidos no país.
Dos 536 executivos de 12 países e 18 setores ouvidos pela EIU (brasileiros e estrangeiros), 57% não possuem nem pretendem ter uma unidade dedicada a desenvolvimento e pesquisa no país no curto prazo, embora tenham indicado que pretendem elevar o percentual de produtos desenvolvidos localmente.
A explicação para esse resultado pífio na área de inovação também é indicada pela pesquisa. Entre os entrevistados, 46% citaram a relativamente baixa capacitação da mão de obra brasileira como barreira para a sua capacidade de inovar no país.
A pesquisa -que será divulgada hoje pelo HSBC como parte do Festival Brasil, que o banco promove em Londres- confirmou a percepção de que o Brasil está na moda entre investidores.
Entre os entrevistados pelo levantamento, 49% veem o país como ""um mercado jovem e de crescimento rápido, no mesmo nível que a China, a Índia e a Rússia".
""O estudo mostra os enormes avanços, principalmente macroeconômicos, atingidos. Mas também revela desafios importantes", diz Andre Loes, economista-chefe do HSBC no Brasil.
As deficiências na área de inovação são 1 dos 4 desafios que a EIU identificou que o Brasil precisa vencer para atingir taxas de crescimento sustentáveis acima de 5%.
As outras são sistema educacional ainda falho, falta de atratividade que as marcas brasileiras exercem em consumidores no exterior e deficiências em infraestrutura.
Entre os entrevistados, 84% disseram que os nomes das marcas brasileiras ou são pouco reconhecidos ou não muito bem vistos lá fora.
Já problemas de infraestrutura foram citados por 49% dos entrevistados como o maior obstáculo operacional que enfrentam no Brasil e que chegam a aumentar os custos de distribuição de produtos em até 25%.
""Promover melhorias em infraestrutura no curto prazo será relativamente mais fácil, se houver ajuste fiscal e mais parcerias com o setor privado. Já os desafios em educação e inovação são maiores, e os esforços nessas áreas, muito incipientes", diz Loes.


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