São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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Governo chinês revê segurança depois de acidente com trem-bala

Críticas ao sistema, que foi construído a toque de caixa, crescem

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Acuado por uma onda de críticas após o trágico acidente entre dois trens-bala no sábado, o governo chinês iniciou uma ampla revisão do seu sistema ferroviário de alta velocidade, seu principal projeto de infraestrutura.
O choque ocorreu por volta das 20h30 locais (11 horas a mais que Brasília), perto da cidade de Wenzhou (leste). Um trem parou sobre um viaduto após ficar sem energia e foi atingido por outro. Quatro vagões despencaram de uma altura de cerca de 30 metros, com um saldo de ao menos 39 mortos e 192 feridos.
Desde então, o acidente se tornou o principal assunto dos meios de comunicação e dos sites de relacionamento. Internautas vêm exortando o governo a explicar tanto o acidente como as recorrentes falhas na recém-inaugurada ferrovia Xangai-Pequim.
No site de microblogs Sina Weibo, várias críticas e enquetes apareceram, com resultados desfavoráveis ao governo. Em uma, para só 1% dos 55 mil usuários o governo está conduzindo bem a resposta ao acidente.
As críticas são sobre a falta de confiança no sistema de trens-bala, construído a toque de caixa, a ausência de explicação para o acidente e até a operação de resgate.
O acidente foi precedido por uma série de falhas na linha Pequim-Xangai, a maior do mundo, com 1.318 km. Inaugurada no dia 1º -seis meses antes do previsto-, apresentou ao menos dois graves problemas de fornecimento elétrico, resultando em atrasos e cancelamentos.
Na tentativa de diminuir as críticas, o governo demitiu três altos funcionários ligados à ferrovia e anunciou reavaliar a segurança.
Já o Departamento de Propaganda determinou aos jornalistas que a cobertura do acidente não pode ser "reflexiva" e que o principal tema deve ser "diante da grande tragédia, há muito amor".
Em pouco menos de cinco anos, a China construiu o maior sistema de trens de alta velocidade do mundo. Mas críticos culpam a pressa na construção pelos problemas.
Na últimas semanas, a China ainda vem sendo acusada pela empresa Kawasaki de se apropriar de sua tecnologia.
Em resposta, um porta-voz do Ministério das Ferrovias disse, no início do mês, que o sistema chinês era tão superior ao japonês que "os dois não podiam ser mencionados juntos". Com a primeira linha inaugurada em 1964, o Japão nunca teve acidente fatal.


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