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STJ reduz alcance de correção da poupança
Tribunal decide que bancos terão de pagar diferença de 4 planos, mas diminui prazo para ingresso com ação coletiva
Idec estima que valor devido deve cair de
R$ 60 bi para R$ 10 bi
e vê vitória dos bancos; ainda cabe recurso
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA
O STJ (Superior Tribunal
de Justiça) condenou os bancos a pagar a correção monetária da poupança de quatro
planos econômicos das décadas de 1980 e 1990: Bresser
(1987), Verão (1989), Collor 1
(1990) e Collor 2 (1991).
Decidiu, no entanto, reduzir de 20 para 5 anos o prazo
para que os poupadores entrassem na Justiça com ações
coletivas.
Com a redução do prazo de
prescrição, os bancos derrubam 1.015 das 1.030 ações coletivas que correm na Justiça.
Essas ações negadas representam 99% dos 70 milhões
de contas de poupanças que
teriam direito à correção.
Com isso, o valor devido
pelos bancos deve cair de
R$ 60 bilhões para menos de
R$ 10 bilhões, estima o Idec
(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que considerou a decisão como uma
vitória dos bancos.
Há ainda 800 mil ações individuais, cujo prazo de prescrição continua em 20 anos.
Elas representam dívida de
R$ 6 bilhões para os bancos.
É importante lembrar que
o prazo para entrar na Justiça
com novas ações coletivas
prescreveu em relação a todos os planos da época. Em
relação às ações individuais,
ainda há tempo para reclamar do Plano Collor 2.
O julgamento ocorreu conforme a Lei dos Recursos Repetitivos. Ou seja, a decisão
passará a ser o entendimento
do tribunal sobre o assunto e
valerá para todos os demais
processos semelhantes.
As decisões tomadas ontem poderão, no entanto, ser
alteradas após julgamento
sobre a questão no próprio
STJ e no STF (Supremo Tribunal Federal).
O Idec informou ter uma
decisão definitiva favorável
aos clientes do Banco do Brasil em relação ao Plano Verão
que está dentro do prazo de
cinco anos, mas não soube
informar o número de beneficiados e o valor a ser pago.
No julgamento, o Banco
Central se manifestou como
"favorável aos planos econômicos", o que na prática significa que estava ao lado dos
bancos.
A instituição e a Fazenda
calculam em R$ 105 bilhões a
dívida total dos bancos com
os planos, caso a decisão fosse desfavorável, número superior aos do Idec, mas inferior aos R$ 180 bilhões estimados pelos bancos.
Ficaram definidos também os índices de correção
para cada plano: 26,06% para o Plano Bresser, 42,72%
para o Plano Verão, 44,80%
para o Plano Collor 1 e 21,87%
para o Plano Collor 2.
MAIOR DISPUTA
A disputa em torno dos
planos econômicos é o embate de maior valor já analisado
pelo Judiciário brasileiro.
O questionamento analisado ontem ocorreu após o
próprio STJ ter aceitado a redução de prazo de prescrição
em um julgamento sobre a
correção dos planos econômicos. Com a decisão de ontem, o STJ padronizou o entendimento sobre o assunto.
A causa dos bancos tem
apoio do BC e do próprio governo, controlador do BB e
da Caixa, banco que mais
perde com as correções.
Em 2009, os bancos entraram no STF com uma ADPF
(Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), pedindo liminar
que sustasse todos os processos em curso e que emitisse
um pronunciamento definitivo sobre o assunto.
Para eles, a disputa causa
instabilidade jurídica e
ameaça a solvência do sistema financeiro.
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