São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Irlanda ataca agência após rebaixamento

Na terça, Standard & Poor's havia reduzido a nota do país, que é usada para orientar investidores sobre risco de calote

Executivo da agência que controla os bônus da Irlanda diz que a análise da S&P é falha e baseada em dado errado

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

A Irlanda atacou ontem com palavras duras a agência de classificação de risco Standard & Poor's, que na terça-feira rebaixou a nota de crédito do país.
Essas notas são usadas por investidores para calcular o risco de calote de um país. Com o rebaixamento, fica mais caro e difícil para a Irlanda conseguir dinheiro para saldar suas dívidas.
John Corrigan, executivo-chefe da agência que controla o lançamento de bônus da Irlanda, disse que a análise da agência é falha e baseada em dados equivocados.
A Irlanda foi o primeiro país europeu a entrar em recessão após a crise econômica mundial de 2008.
O governo teve de socorrer muitos bancos -que chegaram à beira da falência com a desvalorização dos imóveis- e acumula uma dívida pública imensa.
O total do socorro e da dívida são dois pontos de discordância entre os técnicos da agência e as autoridades financeiras do país.
A Irlanda diz que o socorro ao setor financeiro vai custar 25 bilhões. A S&P afirma que serão 50 bilhões.
O Tesouro irlandês diz que sua dívida baterá em 94% do PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos no país em um certo período). Para a agência, passará de 130%.

EUROPA DESIGUAL
Discussões numéricas à parte, o fato é que a Europa fica dia após dia mais desigual economicamente.
Enquanto a Alemanha cresce a taxas nunca vistas desde a queda do Muro de Berlim, há 20 anos, a Grécia se afunda em uma recessão. Já a Irlanda luta para se reerguer da sua.
Portugal e Espanha também continuam com problemas, com crescimentos próximos de zero.
Outro descolamento entre a Europa que cresce e aquela que fica para trás é explicitado pela taxa de juros que cada país tem de pagar para conseguir vender títulos.
A diferença entre as taxas pagas por Irlanda e Grécia, de um lado, e Alemanha, de outro, tem crescido e voltou aos patamares de maio, quando o mercado temia o calote de algumas nações e colocava em dúvida até a continuidade do euro como moeda multinacional.


Texto Anterior: Vaivém - Mauro Zafalon: Agricultores familiares terão colheitadeiras
Próximo Texto: Bovespa perde mais de 4% em 5 dias de queda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.