São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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Instituto coreano muda e atrai brasileiro

Centro de tecnologia, referência no país asiático, dá início a alterações em sistema de ensino para se globalizar

No campus do Kaist, grife da alta educação asiática, seis brasileiros já estudam à custa do governo sul-coreano

NATÁLIA PAIVA
ENVIADA ESPECIAL A DAEJEON (COREIA DO SUL)

Por fora, parece um ônibus azul comum. Dentro, à medida que o veículo se move, o painel de LCD ao lado do motorista sinaliza algo peculiar: a entrada e a saída constantes de energia.
É que o ônibus azul, nada comum, não se movimenta nem por combustível fóssil nem por bateria elétrica: a energia vem do chão.
O "veículo on-line", que parece coisa saída dos "Jetsons", é um dos ousados projetos do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia, o Kaist (apelidado no Ocidente de "MIT coreano").
Espécie de marca da ascendente educação asiática de alto nível, o instituto tem passado por mudanças sem precedentes para se globalizar (ou seja, atrair mais estudantes e dinheiro), um caminho já feito por escolas de Hong Kong e Cingapura.
Nos últimos quatro anos, professores e alunos foram proibidos de falar coreano nas aulas, que passaram a ser assistidas e ministradas cada vez por mais estrangeiros e sob tensão - professores agora têm de "ralar" muito para evitar expulsão, e alunos, estudar muito para evitar pagar semestralidade (antes, gratuita para todos).
Enquanto o ônibus desliza pelas ruas arborizadas do campus, na região montanhosa de Daejeon, a duas horas de carro de Seul, o professor Suh In-soo explica -a alunos asiáticos, europeus e latino-americanos- como a fiação elétrica por baixo do asfalto transmite energia à placa de metal sob o veículo.
Quatro dos estudantes que ouvem o professor Suh fazem parte do primeiro grupo de brasileiros no Kaist.
São "diamantes brutos" de 20 e poucos anos fisgados para, além de aumentar o ativo de talentos do instituto, engordar a cota de estrangeiros -quesito essencial para galgar posições em rankings. Dos 10 mil alunos, 498 são estrangeiros, espécime raríssima há alguns anos, quando as aulas ainda eram em coreano. Dos 576 professores, 45 também -número ainda baixo, mas três vezes maior que em 2006. A meta, no curto prazo, é elevar a presença de não coreanos para 20%.


A jornalista NATÁLIA PAIVA viajou a convite do governo sul-coreano.


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