São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010

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Escola é polo mundial de alta tecnologia

Em 4 anos, instituto dobrou o orçamento e pulou da 198ª posição para a 79ª no ranking das melhores do planeta

Ex-diretor do MIT leva inglês ao Kaist e demite professor mal avaliado; 747 patentes são obtidas em um semestre

Divulgação
Sala de aula no Kaist, onde é ‘proibido’ falar coreano; instituto quer se globalizar

DA ENVIADA ESPECIAL A DAEJEON

O apoio institucional e governamental ao "veículo on-line" foi tão grande, que, dois anos e US$ 40 milhões (R$ 68 milhões) depois, um "trem on-line" já percorre um dos parques de Seul.
E já existe acordo para levá-lo a Park City (EUA), sede do Festival de Sundance.
A concretização do projeto, que teve participação do governo e cooperação com empresas, é fruto da principal mudança em pesquisa e financiamento no Kaist: milhões de dólares serão investidos para tornar realidade a ideia de "ajudar a resolver os problemas da humanidade no século 21".
A expressão ambiciosa é do presidente do instituto, Suh Nam-pyo, 74, diretor por mais de dez anos do departamento de engenharia mecânica do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), onde ensinou de 1970 a 2006.
Em quatro anos, ele atraiu a atenção de acadêmicos do mundo todo e provocou ódio nos professores de Daejeon ao acabar com o "cargo eterno" (só docente bem avaliado fica) e com o número fixo de vagas por departamento (os que acham mais "gente qualificada" têm mais).
"Muita universidade se preocupa com o que o professor vai fazer se perder o emprego. Mas não se preocupa com o estudante. Um professor desqualificado vai ensinar gerações de jovens, o que não é bom para ninguém."
Resultado: o instituto mais que dobrou seu orçamento (20% vem do governo) e pulou da 198ª para a 79ª posição nos rankings QS e Times Higher Education das melhores escolas do mundo, maior escalada asiática entre as tops (a USP é a 232ª no Times Higher Education).
Só no primeiro semestre, foram 747 patentes (em todo o ano passado, foram 743).
Consequência: Suh acaba de ser reeleito -algo inédito na escola federal de 1971.

DESIGN PARA CRESCER
Com perda de parte de sua produção industrial para a China, a Coreia quer ser polo de tecnologia e design, caminho já percorrido pelo Japão. Daí o papel do Kaist, intensificado num país onde a educação é vista como o principal meio de ascensão social.
"Estamos enfatizando a pesquisa criativa e original. Pedimos a nossos professores que não se preocupem em publicar artigos, pois isso rivalizaria com a pesquisa. O objetivo é fazer algo muito importante", diz Suh.
Uma das inovações mais interessantes do Kaist, diz o especialista em ensino superior da Universidade de Hong Kong Gerard Postiglione -para quem a escola é ainda subestimada em rankings-, é que até os calouros aprendem a desenhar sistemas.
Quatro vezes reprovado no vestibular da UnB, o baiano Paulo Kemper, 25, foi a Dubai em junho para apresentar um projeto de plataforma para aeronave autônoma.
A pesquisa, em parceria com o gaúcho Koji Suzuki, 24, foi resultado da disciplina cursada no primeiro semestre -e que já lhes rendeu bolsa, patente e publicação.
Questionado se o objetivo de tanta mudança é transformar o Kaist no "MIT da Ásia", o presidente Suh sorri, mas logo fica sério: "Queremos ser o MIT do mundo".


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