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ANÁLISE CARNES
Diversificar mercados é opção à crise europeia
JOSÉ VICENTE FERRAZ
ESPECIAL PARA A FOLHA
A eclosão da crise econômica na Grécia, que rapidamente lançou dúvidas sobre
as condições econômicas de
outros países-membros da
UE, reacende as preocupações em relação à recuperação global e suas implicações
nas exportações brasileiras
em geral e de carnes (incluídas as de frango, bovina e
suína) em particular.
O equilíbrio do mercado
brasileiro de carnes passou a
sofrer grande influência das
exportações na medida em
que o país passou a exportar
cerca de 25% da produção de
carne bovina, 30% da de
frango e 20% da suína.
Nessas circunstâncias,
quedas acentuadas nos volumes exportados causam evidentes desequilíbrios de
oferta no mercado interno.
O desempenho das exportações brasileiras de carnes
nos últimos dois anos é uma
clara demonstração de como
uma crise econômica pode
nos afetar indiretamente.
Essas exportações, que
chegaram a atingir US$ 12,13
bilhões em 2008, recuaram,
com a crise econômica, para
US$ 9,68 bilhões em 2009,
com queda de 20%.
É evidente que outros fatores específicos também podem ter contribuído para esse resultado, mas a recessão
em alguns mercados-chaves
parece ser o maior.
A diversificação de mercados vem sendo constantemente perseguida pelos exportadores brasileiros, com
razoável sucesso, e é sem dúvida uma alternativa para
contornar o problema.
Nesse sentido, é notável o
crescimento das exportações
para países como o Irã, que
evoluíram de US$ 108,5 milhões em 2004 para US$
353,6 milhões em 2009.
Também é auspicioso o
acordo sanitário firmado
com a China, que deve resultar na abertura, em breve, daquele formidável mercado
para as exportações brasileiras de carne suína.
Esses são apenas dois
exemplos de avanços que
vêm sendo alcançados, mas
que ainda se mostram insuficientes para compensar as
quedas acentuadas, como as
que ocorreram -e ainda podem ocorrer- nas exportações para a UE.
De qualquer maneira, um
encolhimento ainda maior
de mercados importantes, e
por um período de tempo relativamente longo, como infelizmente parece ser possível, não deixaria de ser muito
prejudicial para o setor exportador de carnes.
Mesmo porque mercados
como o da UE estão entre os
que mais pagam pelo produto que importam.
Além de dar continuidade
aos esforços para eliminar
barreiras e abrir novos mercados para as exportações,
seria extremamente benéfico
para as exportações brasileiras de carnes que o recente
pacote de salvamento para
algumas economias da UE,
de US$ 1 trilhão, seja efetivamente bem-sucedido, com os
resultados não se limitando a
uma mera postergação de
um desfecho mais negativo.
JOSÉ VICENTE FERRAZ é engenheiro
agrônomo e diretor técnico da AgraFNP.
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