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sociais & cia
Produto sustentável ainda gera confusão
Oferta crescente de bens ecologicamente corretos esconde "lavagem verde", na qual sustentabilidade é mero marketing
Saída para "consumo consciente" é pesquisar a atuação das empresas e a atribuição de selos,
afirma especialista
ANDRÉ PALHANO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O consumidor brasileiro
ainda enfrenta dificuldades
na hora de optar por produto
sustentável em seu dia a dia.
Não pela falta de produtos
com essas características
(leia abaixo). Ao contrário:
uma das maiores dificuldades hoje é conseguir diferenciar quem é realmente sustentável de quem só usa esse
argumento para vender
mais, no "greenwashing"
(lavagem verde, em inglês).
Recentemente, a Market
Analysis divulgou resultado
de pesquisa que incluiu a visita a 15 lojas (supermercados, farmácias, livrarias etc.)
em busca de rótulos com
apelo socioambiental. Foram
encontrados 501 produtos de
diferentes categorias, que,
juntos, somam 887 apelos.
Cosméticos e produtos de higiene pessoal lideram a lista.
Num supermercado de pequeno porte em São Paulo, a
reportagem encontrou mais
de 40 produtos com algum
apelo semelhante. De shopping centers a lojas de material de construção, é impossível não se deparar com termos "eco" ou "planeta" associados a produtos e serviços.
Já que grande parte das
marcas e produtos passaram
a se autoafirmar "sustentáveis", como diferenciar
quem é quem?
"Na ausência de selos
mais genéricos que garantam que não somente os produtos mas também as empresas se preocupam com esse
tema, a única resposta possível é: pesquisando", aponta
Hélio Mattar, do Instituto
Akatu.
DIFICULDADES VERDES
Não é uma tarefa fácil. Ao
procurar informações nos sites das empresas, por exemplo, o consumidor muitas vezes terá a sensação de que
aquela página pertence a
uma organização socioambiental, tamanha a quantidade de dados que trazem preocupação com o planeta.
Para piorar, os relatórios
de sustentabilidade divulgados pelas companhias raramente destacam aspectos negativos de seu impacto socioambiental, como problemas trabalhistas sérios ou
vazamentos de resíduos.
Mas nem tudo está perdido. As redes sociais na internet, por exemplo, são consideradas uma verdadeira revolução para o consumidor
em busca de informações.
Como afirma um dos autores do livro "A Empresa
Transparente", Dan Tapscott, "pessoas e instituições
que interagem com as empresas estão ganhando um
acesso sem precedentes a todo o tipo de informação sobre o comportamento, as
operações e o desempenho
corporativos".
Os selos e certificações
também são uma orientação
importante. Sobretudo se
concedidos por terceiros.
"O consumidor tem dificuldades em diferenciar a
autodeclaração da empresa
dos selos concedidos por
uma terceira parte. É importante que ele também pesquise sobre selos", diz Luís
Fernando Guedes Pinto, do
Imaflora, uma das certificadoras do selo FSC (Conselho
de Manejo Florestal).
IDONEIDADE
Publicações com rankings
e guias de sustentabilidade
igualmente ajudam, desde
que a idoneidade do veículo
seja previamente analisada.
Há também rankings promovidos por organizações ambientalistas independentes,
caso do Guia de Eletrônicos
Verdes, do Greenpeace.
Ainda que de maneira incipiente, grandes varejistas começam a destacar produtos
com atributos de sustentabilidade. E há um esforço grande para que eles tenham preço próximo aos similares sem
essa preocupação.
Isso tudo garante somente
escolhas sustentáveis? "Com
a quantidade de "greenwashing" existente e as dificuldades de seleção apresentadas,
não há garantias de que todas as opções na hora da
compra serão sustentáveis",
conclui Mattar, do Akatu.
Ao selecionar produtos
com essas características, no
entanto, o consumidor estará
exercendo o seu maior poder: influenciar empresas e
produtos nessa direção.
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