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Com apenas um concorrente, leilão do trem-bala é adiado para abril
Quatro grupos pediram extensão do prazo; entrega das propostas seria nesta segunda-feira
Parceiras brasileiras de coreanos abandonaram único consórcio em pé; financiamento estatal é de pelo menos R$ 20 bi
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
Com apenas um concorrente disposto a participar, o
governo decidiu adiar em
quase quatro meses o leilão
do trem-bala ligando Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro. A entrega das propostas,
que seria na segunda-feira,
passou para 11 de abril.
Segundo o presidente da
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres), Bernardo Figueiredo, responsável pelo leilão, a decisão só
foi tomada porque ao menos
quatro grupos empresariais
informaram ao governo que
apresentariam proposta se
houvesse extensão de prazo.
A Folha apurou que duas
grandes empreiteiras nacionais (Andrade Gutierrez e
Odebrecht) e dois fabricantes
estrangeiros teriam assumido o compromisso.
Segundo Figueiredo, o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva tomou a decisão ao
ser informado de que só haveria um grupo disputando,
com 22 empresas lideradas
pelos coreanos. O presidente
disse que, se houvesse garantia de que o adiamento
aumentaria a disputa, ele decidiria pelo adiamento.
"O processo tem que ser
competitivo", disse Figueiredo. Até quarta-feira o governo queria manter o leilão,
contando que, além dos coreanos, os chineses também
formariam pelo menos dois
grupos: um com a construtora estatal chinesa China Railway Construction Company e
outro com empreiteiras brasileiras. Mas os chineses desistiram do negócio.
Além disso, o consórcio
coreano também apresentou
problemas. Empresas nacionais desistiram na última hora. Mesmo assim, os coreanos conseguiram fechar um
grupo novo com nove brasileiros e 13 estrangeiros.
Eles tiveram uma reunião
com o representantes do governo garantindo a participação antes do anúncio de
adiamento, mas não conseguiram convencê-los.
Na quarta-feira, em meio
às pressões pelo adiamento,
o presidente da ANTT declarou que as empreiteiras eram
as interessadas em adiar o
leilão com a intenção, segundo ele, de conseguir mais benefícios do governo. Figueiredo disse ontem que nada
será modificado no edital,
nem haverá mais benefícios.
"Temos convicção de que
teremos competição com o
adiamento, mas não porque
vai haver alterações na modelagem", afirmou.
Dos R$ 33,1 bilhões previstos para a obra, o governo vai
dar um financiamento de
R$ 20 bilhões, entrará com
outros R$ 3 bilhões como sócio e ainda dá um subsídio de
até R$ 5 bilhões nos juros do
empréstimo caso a receita
prevista não seja alcançada
nos dez primeiros anos.
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