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CRÍTICA CONSUMO
Consultor do varejo resume o que as mulheres querem
Pesquisas e exemplos interessantes se perdem no excesso de informação
Lai Seng Sin - 27.ago.10/Associated Press
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Mulher escolhe biscoitos em Kuala Lumpur (Malásia); livro elenca prioridades típicas das consumidoras, como limpeza
ERICA FRAGA
DE SÃO PAULO
"O Que as Mulheres Querem?", de Paco Underhill, é
uma tentativa de atacar por
vários ângulos essa pergunta
difícil para a qual as próprias
"estudadas" provavelmente
não têm resposta definitiva.
O resultado são algumas
análises interessantes distribuídas, no entanto, ao longo
de uma narrativa confusa
que pode acabar perdendo a
atenção do leitor.
Underhill tornou-se conhecido como especialista
da "ciência das compras" em
meados da década de 90. Sua
empresa de consultoria, a
Envirosell, tem clientes de
peso como Walmart, Adidas
e McDonald's.
Em tom bem-humorado,
livros anteriores do autor ajudaram a alavancar sua fama.
O best-seller "Vamos às Compras!" serviu como alerta para lojas e redes de varejo sobre que tipo de prática espanta clientes.
"O Que as Mulheres Querem" tenta repetir o sucesso
prometendo explorar o ângulo feminino da história. Logo
no início, passa a mensagem:
as mulheres têm abocanhado uma fatia importante de
influência no mundo e os lojistas deveriam estar atentos
a seus gostos.
OS QUATRO FATORES
Ele elenca quatro fatores
que fazem diferença para as
mulheres: limpeza, controle,
segurança e consideração.
A partir daí cada capítulo
tenta explorar um tema especifico. Mas a narrativa é marcada por uma certa falta de
foco. Há muitas passagens
soltas -algumas interessantes, outras nem tanto- que
acabam desviando a atenção
do leitor daquilo que provavelmente espera do livro.
Exemplo: no capítulo dedicado a discutir as preferências femininas em relação a
banheiros, há uma passagem sobre uma boate de
Hong Kong, onde "os homens urinam contra uma parede de vidro com vista para
a cidade", e outros exemplos
"subversivos".
São casos curiosos, mas
não aparecem diretamente
conectados a "o que as mulheres querem". Entram na
quota de curiosidades do que
o autor viu em suas viagens
pelo mundo.
Há diversas passagens autobiográficas, que algumas
vezes também ressaltam a
falta de um fio condutor (tão
importante para livros de
"pronto consumo").
Alguns capítulos (particularmente o sobre cozinhas)
são muito focados na realidade de países desenvolvidos.
O autor reconhece que os
exemplos de como foram desenvolvidas inúmeras linhas
de produtos e aparatos a fim
de tornar mais fácil a vida da
mulher que trabalha fora e
ainda tem de manter a casa
em ordem talvez não se apliquem tanto a países emergentes onde "a maioria das
mulheres de classe média
conta com cozinheiras e empregadas domésticas".
Apesar disso, Underhill
apresenta sacadas interessantes. Por exemplo, como
pesquisas da Envirosell identificaram que compras na internet têm um efeito de "terapia secundária" para mulheres (quem já não passou horas vendo "vitrines" na
web?); ele dá dicas sobre o
que torna um site atraente
para o público feminino.
O autor também defende a
tese (que pode gerar discordância, mas pelo menos levanta um ponto que talvez
mereça mais pesquisas) de
que mulheres confiam mais
em outras mulheres do que
em homens.
E que, portanto, seria bom
que houvesse cada vez mais
mulheres atendendo nas
mais diversas lojas e até carregando malas e atendendo a
pedidos nos hotéis.
O livro mostra que Underhill tem muito a contar, mas
talvez tenha tentado encher
as pouco mais de 200 páginas com informação demais.
O QUE AS MULHERES
QUEREM?
AUTOR Paco Underhill
TRADUÇÃO Leonardo Abramowicz
EDITORA Campus-Elsevier
QUANTO R$ 59,90 (228 págs.)
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