São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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"Diretor mandou maquiar balanço de banco"

Declaração foi dada por Luiz Sandoval, executivo que comandou o grupo Silvio Santos

DE SÃO PAULO

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente do grupo Silvio Santos Luiz Sandoval apontou Wilson Roberto de Aro, ex-diretor financeiro do banco PanAmericano, e o contador Marco Antônio Pereira da Silva, como os dois responsáveis pelo rombo de R$ 2,5 bilhões na instituição financeira.
A informação foi publicada ontem pelo jornal "O Estado de S.Paulo", a quem o executivo concedeu entrevista. O conteúdo das declarações foi confirmado pelo advogado Alberto Zacharias Toron.
Braço direito do apresentador Silvio Santos, com quem trabalhou durante 40 anos, Sandoval pediu demissão da presidência do grupo em novembro deste ano, após o escândalo vir à tona.
Toda a diretoria do banco foi afastada por conta de maquiagem no balanço contábil, que causou o rombo de R$ 2,5 bilhões, coberto com empréstimo do FGC (Fundo Garantidor de Créditos).
Na entrevista, Sandoval afirma ter tomado conhecimento da fraude ao receber um telefonema de Rafael Palladino, ex-presidente do banco, em 16 de setembro.
Sandoval foi até o banco após Palladino dizer, por telefone, que se tratava de "coisa séria". E que, ao convocar a diretoria, percebeu que "eles [os diretores] começaram a me enrolar".
Os diretores, incluindo Wilson de Aro, da área financeira, teriam dito a Sandoval que a diferença contábil era decorrente de "erro".
Em seguida, teriam usado a expressão "parametrização contábil" para explicar a diferença entre as carteiras vendidas (de empréstimos a bancos) e os valores lançados no balanço do banco.
Após as explicações dos diretores, Sandoval diz ter chamado o contador para detalhar o que tinha ocorrido. "O contador sentou-se com a diretoria, na sala do Rafael Palladino, e explicou tudo: "Nós vendíamos carteiras e tínhamos de dar baixa no ativo. Só que não dávamos baixa completa". Ou seja, estavam produzindo um lucro irreal. Perguntei ao contador quando isso tinha começado e ele disse que na crise de 2008", disse, na entrevista.
Sandoval afirmou ainda ter questionado o contador dizendo que tal procedimento era irregular e ele respondeu que teria feito a maquiagem no balanço porque recebeu ordens. "Quem te deu a ordem? [perguntou Sandoval ao contador]. Wilson de Aro. E apontou para o Wilson. O Wilson confirmou: "Eu mandei fazer". E disse que foi para salvar o banco."
Na entrevista, Sandoval citou que, no dia seguinte, convocou o conselho de administração e o comitê de auditoria. O comitê, segundo ele, constatou que a operação de maquiagem do balanço teria começado em janeiro de 2006. Sandoval disse que nem ele nem Silvio acompanhavam a gestão do banco.

OUTRO LADO
O ex-diretor Wilson de Aro informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só se pronunciará sobre o caso após ter conhecimento do depoimento oficial de Sandoval à Polícia Federal.
Nem o contador Pereira da Silva nem seu advogado foram localizados até o fechamento desta edição.


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