São Paulo, segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

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Light prevê lucrar com favela sem "gatos"

Empresa vê "oportunidade de negócios" após pacificação de algumas favelas do Rio; perda anual era de R$ 1 bi

Se conseguir zerar os furtos de energia, a empresa prevê reduzir em 17% as tarifas na sua área de concessão

FABIA PRATES
PEDRO SOARES
DO RIO

Segunda maior distribuidora do país, a fluminense Light sempre foi o "patinho feio" do setor, com a mais alta taxa de perda e furto de energia -cerca de 20% nos últimos anos- nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Agora, com a pacificação de algumas favelas do Rio, passou a ver na formalização dos consumidores que usam "gatos" sua "principal oportunidade de negócios", diz à Folha, Jerson Kelman, presidente da companhia.
Pendurados na rede da companhia, os "gatos" geram perda estimada em R$ 1 bilhão por ano -para uma receita total de R$ 6 bilhões.
Se zerar o furto e os desvios, a empresa prevê redução de 17% na tarifa média na sua área de concessão.
Para reduzir as perdas, a Light segue os passos da polícia nas ocupações de morros e entra com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). A concessionária já está em quatro favelas: Santa Marta (a primeira, em 2009), Chapéu Mangueira, Babilônia (as três na zona sul do Rio) e parte da Cidade de Deus (zona oeste). A meta é fechar 2010 em sete.
Para 2011, o objetivo da companhia é atingir 13 comunidades já atendidas pelas UPPs. Na Santa Marta, a empresa viu seu faturamento subir de R$ 600 (com apenas quatro casas pagando as contas) para R$ 75 mil, recolhidos em 1.600 domicílios, após a regularização.
O combate ao furto é associado a um programa de eficiência energética que troca geladeiras, lâmpadas e fiação do interior das casas.
O custo da mudança é de cerca de R$ 3.000 por casa, dos quais metade paga pela Light e metade pelo programa de eficiência.

NO ALTO
Nos últimos anos, foram muitas as tentativas frustradas da Light -que passou ao controle da mineira Cemig em 2009- de correr atrás de quem furtava energia.
A companhia, diz Kelman, concluiu que era preciso "blindar" a rede para chegar às comunidades de baixa renda e sem o hábito de pagar contas mensais de luz.
"O cara sempre achou que a energia era grátis. Em algumas casas, a geladeira duplex ficava aberta para refrigerar o ambiente. Você tem de impor disciplina, mudar os hábitos de consumo", diz.
A estratégica para evitar ligações clandestinas é reforçar o sistema de cabos, instalar medidores nos postes e elevar a rede de baixa tensão do meio do poste (5 metros) para o alto (8 metros).
O reforço aos cabos é o que a Light chama de blindagem. Além de dificultar o furto, o procedimento deixa a rede mais segura, diz a empresa.
"Se conseguirmos vencer o furto, conquistaremos uma área de concessão equivalente à do Espírito Santo."


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