São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2011

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Reajuste da luz supera pedidos do setor

Agência reguladora autoriza alta na conta maior que a pedida por distribuidoras e acima da inflação em SP, RJ e MG

CPFL pede alta de 6,7% e tem aumento de 7,7%; Ampla (RJ) pede 9,5%, mas ganha 11,8%; alta foi de 186% na década


LEILA COIMBRA
DE BRASÍLIA

Em tempos de escalada da inflação, os reajustes das tarifas de energia estão acima do que foi pedido pelas empresas neste ano.
Os clientes da concessionária Ampla, que atua no Estado do Rio de Janeiro, tiveram aumento de até 11,8% nos preços, mas a empresa havia pedido majoração entre 6,43% e 9,55% à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A Cemig (MG) pediu para aumentar a tarifa em até 8,8%, mas foi permitida correção de 9,02% para os clientes industriais.
Na CPFL, que havia pleiteado 6,71%, houve reajuste de até 7,72%. Na Enersul (MS), a correção está ainda mais salgada: os consumidores residenciais vão chegar a pagar 18,57% a mais em suas faturas a partir de maio. A empresa havia sugerido aumento de 17,56%.
A partir de maio, cerca de 61 milhões de pessoas nesses quatro Estados (RJ, MG, SP e MS) pagarão mais pela energia.
Os índices de correção são definidos pela Aneel com base em dados enviados pelas concessionárias de eletricidade, que calculam suas despesas administrativas, custos com compra e transporte de energia, dentre outros gastos, e sugerem o valor a ser corrigido.
A agência disse, por meio da assessoria, que usa uma fórmula matemática prevista em lei e que o índice proposto é o máximo que as empresas têm o direito de praticar, mas que estão livres para aplicar um reajuste menor. As empresas, porém, sempre usam o teto.

EXCEÇÕES
Em alguns casos houve o contrário: as empresas pediram valores altos e a Aneel determinou índices menores do que o proposto. A Coelba (BA) quis aumentar o preço em 11,98%, mas a agência autorizou no máximo 9,92%. A AES Sul (RS), quis reajuste de 13,37%, mas só teve permissão para aumentar em até 8,82%
Em todos os casos, os reajustes ficaram acima da inflação acumulada desde o aumento anterior, em datas diferentes para cada distribuidora. Neste ano, as contas de luz estão com aumentos bem acima da inflação projetada para 2011.
Especialistas apontam reajuste médio entre 9% e 11% para os consumidores, enquanto a meta de inflação do governo é de 4,5% -abaixo da estimativa do mercado, que espera um IPCA de 6,34%.
O controle da inflação é prioridade da presidente Dilma Rousseff e o governo vem adotando, desde o final do ano passado, medidas para conter a alta dos preços.
Dentre as tentativas de controle, o Banco Central elevou a taxa de juros básica, a Selic, em três ocasiões, o que pode comprometer o crescimento da economia.

INFLAÇÃO
Os reajustes da conta de luz devem pressionar ainda mais o índice de inflação. Caso as tarifas subam, em média, 9% em 2011, contribuirão com 0,29 ponto percentual para o IPCA.
Se atingirem 11%, terão impacto de 0,35 ponto nas 11 regiões pesquisadas pelo IBGE. Em 2010, a energia elétrica contribuiu com 0,10 ponto para o índice.
Nos últimos dez anos, o aumento acumulado das tarifas de energia chegou a 186%, enquanto no mesmo período o IGP-M subiu 124% e o IPCA (índice oficial de inflação do governo) acumulou 86%. Os dados são da Abrace (Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia Elétrica).


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