São Paulo, quarta-feira, 28 de julho de 2010

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Crédito cresce menos no 2º trimestre

Dado sobre empréstimos a famílias mostra que economia do país se desacelerou em relação ao início do ano

Ritmo de aumento dos empréstimos para pessoas físicas caiu quase pela metade ante o verificado em março

EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

O crédito para as famílias brasileiras mostrou desaceleração no final do segundo trimestre em relação ao verificado há três meses e já cresce a taxas inferiores aos empréstimos para empresas.
Segundo dados do Banco Central, o ritmo de aumento dos empréstimos para pessoas físicas caiu praticamente pela metade em relação ao verificado no final de março e cresce agora a uma taxa mensal de 1%.
O estoque de empréstimos a empresas, que estava praticamente estagnado há três meses, teve avanço de 2,8% entre maio e junho.
De acordo com o BC, a acomodação no crédito às famílias é observada desde abril e reflete o ciclo de aumento da taxa básica de juros iniciado naquele mês -a taxa passou de 8,75% para 10,75% ao ano desde então.
"Houve alteração naquela dinâmica em que o crédito à pessoa física crescia a taxas maiores que para as empresas", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. "Há algum sinal de acomodação, mas vamos ter de observar se isso se sustenta."
Os números se referem ao estoque de empréstimos na economia, que encerrou o semestre em inédito R$ 1,53 trilhão (45,7% do PIB).
O mesmo acontece com os novos empréstimos. Linhas como cheque especial, crédito pessoal, consignado e veículos tiveram queda nas concessões (6,6% em média). O crédito livre para empresas avançou 1,5%.
Para Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, o fim de incentivos à compra de veículos e outros bens duráveis provocou uma acomodação na liberação de novos empréstimos.
Mas ele afirma que a expansão irá continuar a despeito da alta dos juros, pois o avanço do crédito se relaciona à melhora no emprego.
O crédito para empresas ainda cresce impulsionado pelos empréstimos do BNDES com recursos subsidiados. Em junho, no entanto, houve recuperação do crédito livre, puxado por uma operação entre Caixa Federal e Petrobras.

JUROS
A migração de clientes de linhas de crédito mais caras para financiamentos mais baratos reduziu a taxa de juros paga pelas pessoas físicas em junho para o menor patamar desde 1994. A taxa média recuou para 40,4% ao ano. Em igual período do ano passado, estava em 45,6%.
A maior parte da queda se deve à redução do "spread" bancário, parcela que inclui risco, impostos e lucros.
Segundo os dados do BC, a inadimplência ficou no menor nível desde 2005.
Os juros para empresas ficaram praticamente estáveis nessa comparação e estão em 27,3% ao ano.


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